domingo, 7 de outubro de 2007

Sexo & Adolescência: informação e precocidade

Os adolescentes de hoje são a geração mais bem informada sobre sexo de todos os tempos. Eles têm aulas de educação sexual na escola, lêem a respeito nas revistas, vêem os reality shows da televisão e, se restar algum vestígio de dúvida, há sites na internet que respondem a qualquer questão sobre o tema. Os jovens não apenas sabem muito como não há amarras sociais nem familiares que verdadeiramente os impeçam de passar da teoria à prática no momento escolhido por eles próprios.


Nada disso, vale dizer, impede que estejam confusos e divididos sobre temas como virgindade, fidelidade, namoro e casamento. O conhecimento também não é suficiente para evitar descuidos, como sexo sem camisinha. Por ano, nasce 1 milhão de bebês de mães solteiras adolescentes no Brasil. "O início da vida sexual é um processo extremamente complexo para qualquer pessoa, de qualquer geração", diz Paulo Bloise, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo, especialista em adolescência.


A persistência das angústias em relação à vida amorosa, apesar do conhecimento e das liberdades atuais, tem uma explicação óbvia. "Sexo não é só uma questão de informação, mas também de maturidade", pondera o psicólogo Mauricio Torselli, do Instituto Kaplan, centro de estudos da sexualidade em São Paulo. Esta é a primeira geração que não conta com a orientação de um guia socialmente rígido para a sexualidade. Pais e mães estão igualmente confusos, preocupados e tão carentes de parâmetros quanto os próprios filhos. Muitos deles tentam estabelecer paralelo entre o que está acontecendo e sua própria geração. Os dois momentos são diferentes.


O desejo de romper estruturas sociais esclerosadas fez da liberdade sexual uma das bandeiras dos jovens nos anos 60 e 70. Quando chegou a vez deles, deram liberdade aos filhos, mas não incluíram no pacote um modelo de comportamento sexual. O que se observa na sexualidade da atual geração não tem nem vestígio daquela energia rebelde e transformadora. O debate agora não é mais a presença de limites e sim, eventualmente, a ausência deles.


A precocidade e a ousadia dos primeiros relacionamentos são uma característica de hoje. A idade da primeira vez das meninas é 15 anos, de acordo com pesquisa da Unesco nas principais capitais do país. A dos meninos, 14. O surpreendente é que muitos jovens que têm vida sexual ativa não começaram com um namoro firme, mas com alguém com quem "ficava" – ou seja, com um quase desconhecido.


Ficar é o nome dado a sessões de beijos e abraços mais ousados. A diferença entre essa relação e o namoro tradicional é que a primeira é descompromissada e passageira. Uma menina que fica com um colega numa festa não precisa tratá-lo como alguém especial ao vê-lo no colégio no dia seguinte. A pressão sobre os adolescentes para que iniciem a vida sexual ativa deve fazer com que os jovens se sintam num túnel de vento. Como tomar a decisão? A única resposta é: pense bem se você está preparado e se é isso mesmo o que quer. "


Um risco é o jovem, de tanto ouvir falar de sexo, ter a falsa idéia de que crescer significa ter quanto antes uma relação sexual", diz o psicólogo paulista Antonio Carlos Egypto, do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual. Nesse assunto, os pais podem ajudar bastante. Muitos deixam de perguntar sobre a vida dos filhos quando eles chegam à adolescência. É um erro.


Os especialistas aconselham a continuar a falar sobre comportamento, expectativas e valores. Só é preciso evitar pronunciamentos solenes. Adolescentes odeiam sermões – especialmente sobre sexo.


Na contramão das pressões sociais de incentivo ao sexo prematuro, os pais cristão devem preservar sua responsabilidade de orientar e conduzir seus filhos a escolhas acertadas. O sexo ocorre com a pessoa certa e tem seu momento certo. Além disso deve ser pesado o vínculo que estabelece entre as pessoas, muito mais significativo do que ser um ritual de passagem ou aceitação na fase adulta. Como cristãos entendemos que o sexo tem seu lugar próprio: o casamento.


(discussão a partir de artigo Veja, de julho de 2003.)

6 comentários:

Anônimo disse...

Caro Doutor, entendi que vc é um cristão, mas não vi claro sua postura como cristão, em relação ao sexo antes do casamento, pois creio, como a Biblia me ensina que o sexo deve ser praticado dentre, e só no casamento, gostaria que abordasse umn tema mais objetivo sobre este assunto.

Virgilio Nascimento disse...

Agradeço sua observação; em vários artigos deixo claro minha posição, e neste, se bem que seja um comentario sobre um artigo da revista Veja, fiz questão de reafirmá-la. Obrigado por sua colaboração.

Sam Cyrous disse...

Acho que o seu texto comprova que nem tudo é liberdade e informação, como tão bem sabemos todos.

Mas, sobre a liberdade e informação, creio que faz falta responsabilidade e sabedoria.

Não basta termos as respostas, como a juventude tem: precisa-se percebê-las.

Não basta poder decidir o que quiser: precisa-se saber que cada decisão implica alteração noutras decisões posteriores e no meio no qual nos inserimos, daí a necessidade de responsabilidade.

Anônimo disse...

Agradeco pela sinceridade, objetividade e ousadia de falar dos temas. Talvez se falassem desse assunto na igreja com esse relato de pesquisa e analise cientifica do comportamento da sociedade de nossa epoca; como voces tem relatado, talves teria maior resultado de se resolver problemas psiquicos que afligem os novos convertidos, que entram em nossas igrejas.

Anônimo disse...

sim amigo vc esta certo pois c nos nao fossemos livres para escolher DEUS nao seria um DEUS de amor pois ele nos fez livres ,mas temos de ter nossas escolhas por mas que escolhemos o caminho errado muitas vezes DEUS nos ama e nos perdoa.

Anônimo disse...

bom.. tudo isso eh uma grande subjetividade..
eh impossivel ter-mos ciência juntamente com a religiao. sou cristão e psicólogo, e como tal, sou obrigado a me despir de perconceitos e religião na hora de tratar de meus clientes.
meu papel é orientar o adolescente, mostrar os caminhos.. e a escolha eh simplesmente dele.. do adolescente. ou seria justo xamar um adolescente homossexual de doente só porque na bíblia diz que é pecado? na minha opinião não. temos (nós psicologos) que desmistificar essa historia de sexualidade. afinal.. somos seres humanos, e desde a hora em que nascemos até a hora em que morremos temos e emanamos asperctos sexuais de diferentes maneiras e formas. cabe a cada um se aceitar como é e ser feliz.
ótimo texto. parabens!!