domingo, 30 de dezembro de 2007

PERVERSOES SEXUAIS – Quando o belo se transforma em bestial

Como bem observou o filósofo inglês John Salisbury, no século XIII, "a licenciosidade crescente e avassaladora sempre caracterizou os períodos de decadência das grandes civilizações." De fato, sempre foi assim. A queda moral invariavelmente antecedeu a destruição completa de povos inteiros. Pode-se dizer que ela prenunciava a extinção iminente de reinos e impérios. Era o sinal de que aquelas civilizações haviam chegado ao fim… Alguém supõe que agora, em nossa época, o processo seja diferente?

Enquanto os animais fazem uso do sexo de uma forma natural, o ser humano tornou-se escravo de seu instinto sexual artificialmente aumentado, principalmente pelos instrumentos da mídia, cuja ênfase e a subversão de valores tradicionais da sociedade.

Originalmente a palavra "perversão" significava todo comportamento humano contrário às normas sociais existentes. Assim, a corrupção, o mau caráter e a marginalização também seriam perversões. Contudo, como a humanidade se especializou em inventar os mais escabrosos artifícios em torno da liberação seu instinto sexual, Perversão passou a ser atualmente sinônimo de Desvio Sexual.

Abaixo, uma lista das principais perversões catalogadas em artigos psiquiátricos e algumas explicações pertinentes:

Pedofilia: Atração sexual de adultos por crianças de qualquer sexo. Estima-se que nos Estados Unidos, entre 10% e 20% das crianças sejam molestadas sexualmente até a idade adulta. Apesar de proibido, o comércio de fotos e filmes pornográficos com crianças têm aumentado substancialmente no país, o que pode ser ao mesmo tempo efeito e causa do crescimento desse tipo de perversão. De acordo com uma pesquisa, cerca de 45% das pessoas que procuram ajuda psiquiátrica para tratar de perversões sexuais, são pedófilas.

Sadomasoquismo: Tecnicamente chamada de algolagnia, refere-se à pessoa que só sente satisfação sexual através de uma dor experimentada por ela mesma ou infligida a outrem. Um indivíduo pode ser sádico, masoquista, ou ambos. Podemos nos poupar aqui detalhes dos rituais sadomasoquistas; mencionaremos apenas que para suportar os atos de violência física e moral muitos masoquistas fazem uso de drogas, e não é raro a ocorrência de morte em conseqüência das agressões sofridas.

Fetichismo: Tipo de perversão que consiste em exteriorizar a paixão não em relação a uma pessoa, mas a uma parte dela ou a um objeto de seu uso. Os travestis também são designados de fetichistas, por fazerem uso de vestimentas femininas.

Froteurismo: Palavra derivada do francês "frotter", que significa "esfregar" ou "roçar". O froteurista sente um impulso irrefreável de se encostar em mulheres ou de afagá-las eroticamente em lugares públicos. Esse tipo de perversão ocupa o 4º lugar na lista de incidência de pacientes em tratamento, ficando atrás da pedofilia, exibicionismo e voyeurismo.

Exibicionismo: Perversão que consiste em exibir os órgãos genitais a outrem. Ocupa o 2º lugar na freqüência de desvios sexuais, com 25% de incidência entre os pacientes em tratamento.

Voyeurismo: Também chamado mixoscopia, refere-se àquele que se compraz sexualmente em observar, às escondidas, um ato sexual. Ocupa o 3º lugar em incidência nos pacientes catalogados, com um índice de 12%.

Hipoxifilia: Esta palavra significa literalmente "atração por teor reduzido de oxigênio". Esse tipo de perversão consiste em tentar intensificar o estímulo sexual pela privação de oxigênio, seja através da utilização de um saco plástico amarrado sobre a cabeça ou de alguma técnica de estrangulamento. Estima-se que só nos Estados Unidos entre 500 a mil pessoas morram acidentalmente por ano vítimas desta prática.

Necrofilia: É a atração sexual por cadáveres. O necrófilo procura manter relações sexuais com corpos humanos mortos. Um artigo científico de psiquiatria confirma que alguns assassinatos são cometidos unicamente com esse propósito.

Coprofilia: Também chamada coprolagnia, identifica a excitação erótica motivada pelo cheiro ou contato com excrementos.

Urofilia: Também chamada urolagnia, é a variante da coprofilia em relação à urina.

Zoofilia: Também conhecida como bestialismo, é o sexo feito com animais, que em alguns casos são até treinados para isso.

Clismafilia: Refere-se à excitação erótica provocada pela injeção de alguma substância no reto.
Os estudos psiquiátricos sobre o comportamento dos pervertidos sexuais são unânimes em afirmar que os pacientes, sem exceção, insistem que não vêem nenhum motivo para escândalo em relação à sua maneira de ser. Na visão deles, suas preferências eróticas são superiores à sexualidade trivial das pessoas comuns…

O Modelo Social propagado hoje baseado no hedonismo (prioridade do prazer pessoal) favorece a busca das novidades em torno de novas sensações. Aumenta dia a dia o número de pessoas que perdem completamente o controle sobre os seus impulsos sexuais. Já há mesmo clínicas especializadas em tratar os chamados "viciados em sexo", e grupos de "sexahólicos anônimos", nos mesmos moldes dos alcoólicos anônimos.

Recentemente a Organização Mundial de Saúde reconheceu a compulsão sexual como uma doença que causa dependência. Nos Estados Unidos estima-se que 15 milhões de pessoas sejam compulsivos sexuais (dados de 1994), abrangendo tanto heterossexuais como homossexuais.

Devemos estar atentos como defensores de princípios bíblicos-cristãos, que o maior problema, que não e recente, e a tentativa mais uma vez de colocar o homem como centro - onipotente. E a retirada de Deus do controle e autoridade sobre nossas atitudes e ações. Infelizmente nossas maiores vitimas são os mais jovens, vitimas de verdadeira enxurrada de apelos aos impulsos, desejos e sensações.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Declaração dos Direitos Sexuais

Em época de exaltação das Liberdades Individuais e respeito aos Princípios Democráticos, vale a pena estar atento as diversas propostas de regulamentações e orientações nas mais variadas áreas de ação dos seres humanos.

A Declaração abaixo é mais uma iniciativa de um grupo seleto de profissionais, cientistas e estudiosos de proporem normas, que se por um lado avançam em respeitar as liberdades, por outro favorecem um discurso em que o Individual é colocado como parâmetro de relevância de todas as iniciativas e decisões.

Para nós, que validamos princípios permanentes de conduta vale a pena estarmos atentos, pois este tipo de discurso egocentrado se populariza facilmente. Note as partes por nós italizadas e identifique os possíveis choques na interpretação e incrementação de tais direitos. Acho que vale a pena refletir um pouco...

Durante o XV Congresso Mundial de Sexologia, ocorrido em Hong Kong (China),entre 23 e 27 de agosto p.p., a Assembléia Geral da WAS – World Association for Sexology, aprovou as emendas para a Declaração de Direitos Sexuais, decidida em Valência,no XIII Congresso Mundial de Sexologia, em 1997

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS SEXUAIS

O desenvolvimento total depende da satisfação de necessidades humanas básicas taisquais desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor.Sexualidade é construída através da interação entre o indivíduo e as estruturas sociais. O total desenvolvimento da Sexualidade é essencial para o bem estar individual, interpessoal e social.

Os direitos sexuais são direitos humanos universais baseados na liberdade inerente, dignidade e igualdade para todos os seres humanos. Saúde sexual é um direito fundamental, então saúde sexual deve ser um direito humano básico.Para assegurarmos que os seres humanos e a sociedade desenvolva uma sexualidadesaudável, os seguintes direitos sexuais devem ser reconhecidos, promovidos,respeitados e defendidos por todas sociedades de todas as maneiras.

Saúde sexual éo resultado de um ambiente que reconhece, respeita e exercita estes direitos sexuais.

1. O DIREITO À LIBERDADE SEXUAL – A liberdade sexual diz respeito à possibilidade dos indivíduos em expressar seu potencial sexual. No entanto, aqui se excluem todas as formas de coerção, exploração e abuso em qualquer época ou situações de vida.

2. O DIREITO À AUTONOMIA SEXUAL, INTEGRIDADE SEXUAL E A SEGURANÇA DO CORPO SEXUAL – Este direito envolve a habilidade de uma pessoa em tomar decisões autônomas sobre a própria vida sexual num contexto de ética pessoa e social. Também inclui o controle e prazer de nossos corpos livres de tortura, mutilação e violência de qualquer tipo.

3. O DIREITO À PRIVACIDADE SEXUAL – O direito às decisões individuais e aos comportamentos sobre intimidade desde que não interfiram nos direitos sexuais dos outros.

4. O DIREITO A LIBERDADE SEXUAL – Liberdade de todas as formas de discriminação, independentemente do sexo, gênero, orientação sexual, idade, raça, classe social, religião, deficiências mentais ou físicas.

5. O DIREITO AO PRAZER SEXUAL – prazer sexual, incluindo auto-erotismo, é uma fonte de bem estar físico, psicológico, intelectual e espiritual.

6. O DIREITO À EXPRESSÃO SEXUAL – A expressão é mais que um prazer erótico ou atos sexuais. Cada indivíduo tem o direito de expressar a sexualidade através da comunicação, toques, expressão emocional e amor.

7. O DIREITO À LIVRE ASSOCIAÇÃO SEXUAL – significa a possibilidade de casamento ou não, ao divórcio, e ao estabelecimento de outros tipos de associações sexuais responsáveis.

8. O DIREITO ÀS ESCOLHAS REPRODUTIVAS LIVRE E RESPONSÁVEIS – É o direito em decidir ter ou não ter filhos, o número e tempo entre cada um, e o direito total aos métodos de regulação da fertilidade.

9. O DIREITO À INFORMAÇÃO BASEADA NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO – A informação sexual deve ser gerada através de um processo científico e ético e disseminado em formas apropriadas e a todos os níveis sociais.

10. O DIREITO À EDUCAÇÃO SEXUAL COMPREENSIVA – Este é um processo que dura a vida toda, desde o nascimento, pela vida afora e deveria envolver todas as instituições sociais.

11. O DIREITO A SAÚDE SEXUAL – O cuidado com a saúde sexual deveria estar disponível para a prevenção e tratamento de todos os problemas sexuais, precauções e desordens.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

PIERCING – modismo, sexualidade e saúde pública

Pesquisadores da Universidade Pace concluíram que usar piercing pode ser a maior furada — informa a rede de rádio e TV britânica BBC. Perfurar o corpo com objetos metálicos foi motivo de dor de cabeça para 20% dos jovens consultados. Publicado na revista Mayo Clinic Proceedings, o estudo aponta infecções, sangramentos e quelóides como as complicações mais freqüentes.

Aos que pensam que podem aplicar piercings sem sofrer um arranhão, os dados mostram que a falta de esterilização pode trazer sérias conseqüências, como o contágio com aids e hepatite B. Apesar de o questionário ter sido aplicado apenas a voluntários, o doutor Lestes Mayers considera que o uso indevido de piercings pode representar um alto custo ao sistema público de saúde.

O levantamento feito com 454 universitários de Pleasantville, estado de Nova Iorque, mostra que a maior parte dos rapazes (27%) prefere pôr um piercing na orelha. Entre as garotas (29%), o local favorito é o umbigo. A pesquisa revela um dado curioso: 23% dos estudantes eram tatuados, mas nenhum deles sofreu problemas decorrentes de tatuagens feitas com material inadequado.

Piercings na língua são os mais perigosos. Podem provocar infecções na gengiva, problemas respiratórios e até prejudicar a fala. No nariz e na parte superior da orelha, as contaminações ocorrem porque o tecido das cartilagens tem pouca irrigação. Isso dificulta a ação defensiva do organismo no combate aos micróbios. No caso das mucosas (lábios, língua e genitais), a umidade pode abrir caminho para a proliferação de fungos e bactérias. "No umbigo, as dobrinhas dificultam a higienização", explica a médica. Em tese, os estabelecimentos que fazem a colocação de piercing no Brasil deveriam atender aos parâmetros de higiene estabelecidos pela Vigilância Sanitária. Não é o que acontece. À falta de fiscalização, adeptos da moda tentam salvar a própria pele.

A munição de argumentos para quem se opõe ao uso de piercings por jovens não vem só da pacata Pleasantville. A prestigiosa Associação Médica Britânica também já se debruçou sobre o tema, indicando que cerca de um terço dos usuários de piercing apresenta seqüelas. A divulgação desses malefícios já repercutiu no Brasil e está virando moda entre os parlamentares.
Pioneiríssima, a lei 9.828/97 proíbe, em todo o estado de São Paulo, que adolescentes com menos de 18 anos façam tatuagens e coloquem piercings. E, se depender do deputado paulista Neuton Lima (PFL), essa lei vai vigorar em todo o país. Para tanto, ele apresentou um projeto a ser analisado após o fim do recesso do Congresso Nacional. Segundo seus autores, as leis têm por objetivo preservar a integridade de crianças e jovens, protegida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O vereador Jair Cezar vai além. Para ele, piercings e tatuagens expõem os jovens não só a sofrimentos físicos e ameaças à saúde, mas também a "restrições sociais e do mercado de trabalho".

Já o advogado Walter Ceneviva acredita que as leis ferem os artigos 5, 226 e 227 da Constituição e o conceito de pátrio poder definido pelo ECA. Para ele, a lei é clara: cabe aos pais tanto a decisão sobre o que é melhor quanto a responsabilidade sobre os atos dos filhos, salvo em casos de exploração da criança ou de atos punidos por lei. E sugere aos pais que queiram permitir o uso de piercings que entrem com um mandado de segurança na Justiça.

Piercings e tatuagens podem trazer desvantagens na hora da conquista por uma vaga

De acordo com a consultora de RH do Grupo Catho, Gláucia Santos, isto acontece porque ainda existe uma idéia antiga de que o uso de piercings ou tatuagens está relacionado à marginalidade.

Forma implícita - Ainda de acordo com a consultora, existe uma discriminação no momento da entrevista, mas ela não é feita de maneira explícita. Isto significa que o selecionador não irá perguntar se a pessoa usa piercing ou tem tatuagem, mas se perceber, este candidato perde pontos."Ter um piercing ou uma tatuagem quebra um pouco da formalidade de algumas situações em que é preciso ser formal. Num primeiro contato, ainda pode parecer que a pessoa é pouco madura", explicou Gláucia.

Áreas de atuação- A consultora ainda disse que este tipo de discriminação acontece em áreas em que o profissional terá contato direto com o público. Neste caso, incluem-se a administrativa, comercial e de bancos."Imagine alguém com algo muito chamativo, como um cabelo colorido. Se tem contato com o cliente, perde a seriedade, imagem que tem que passar não somente para os colegas de trabalho", disse Gláucia.

Ela ainda explicou que existem profissões em que a aceitação do uso de piercings e tatuagens é mais flexível, como em comunicação e publicidade e propaganda, o que não acontece com os profissionais de direito e medicina.

Origem do piercing

Existe uma longa história sobre o body piercing e seus diversos significados por todo mundo. Historiadores afirmam que há mais de 2000 anos, algumas clãs e tribos já usavam apetrechos para furar a pele em cerimoniais carregados de simbolismos, com conotações espirituais, sexuais, estéticas e de rituais de passagem e costume.

A moda do piercing ganhou força com o movimento Hippie dos anos 60 e 70, conquistando jovens adeptos à prática do sadomasoquismo, que viram no adorno uma nova forma de exaltar o corpo e as suas zonas erógenas. Morris (1974), chama algumas áreas do corpo de “ecos genitais”, entre elas destacam-se: o umbigo, a boca e as orelhas, locais preferidos para o piercings. Neste caso serviriam para evidenciar a genitalidade do indivíduo, servindo como vitrine aos observadores e interessados.

Este movimento chegou à Inglaterra com o movimento Punk e nos Estado Unidos com o movimento gay nos anos 80 e 90, chamando a atenção de todo o planeta com o casamento entre o primitivo e o moderno.

Devemos sempre estar atentos as propostas de desconstrução socio-cultural, sendo criteriosos e judiciosos na análise e adesão às novidades. E orientar os mais jovens quanto as intenções e efeitos dos novos comportamentos.

domingo, 18 de novembro de 2007

A FINALIDADE NOBRE DO CASAMENTO

Muitos autores e estudiosos não-cristãos têm percebido que o Casamento enquanto instituição social, pelas mudanças que vem sofrendo, encontra-se sob ameaça e com ele toda a sociedade. A seguir transcrevemos artigo da Prof. Psicóloga Danielle Marques, confirmando esse dilema.

O casamento vem sofrendo inúmeras mudanças ao longo do tempo. Desde uniões por contrato (Araújo, 2002) até os modos fluidos e indefinidos de relacionar-se na pós-modernidade (Bauman, 1998), o casamento assume aspectos novos, abandona antigos, ficando sempre devendo para a sociedade os motivos de seu sucesso ou fracasso. Com mudanças de âmbito ideológico, onde a contratualidade cede lugar ao amor romântico da ideologia burguesa, os casamentos deixam de ter valor socioeconômico e passam a buscar principalmente a completude amorosa (Araújo, 2002).

A união matrimonial pode ser entendida como um instrumento de construção nômica, cuja função social reside em dar sentido a vida do indivíduo (Féres-Carneiro, 1998).

O ser humano nasce, cresce, reproduz e morre e embora a reprodução não esteja biologicamente vinculada ao casamento, este rito simbólico constitui-se como uma passagem da vida – da infância para a fase adulta – funcionando como uma seta indicativa do caminho a ser seguido pelas pessoas.

A construção de uma família através do casamento permite que esta legitime normas e papéis sociais que serão internalizados pelo indivíduo desde sua infância e os quais serão propagados por ele ao longo de sua vida. A família torna-se, talvez, a primeira instituição social com a qual o indivíduo tem contato e o casamento é entendido como parte integrante dela. De fato, o destaque dado à conjugalidade é tão grande nos estudos sobre família que se chegou a utilizar o casal feliz como parâmetro de avaliação para o grau de felicidade dentro dela (Lasch, 1991).

Entretanto, na sociedade atual o casamento só é mantido enquanto representar fonte geradora de prazer e satisfação para aqueles que dele fazem parte (Bauman, 1998; Féres-Carneiro, 1998; Vaitsman, 1994).

O casamento ao lado da família na pós-modernidade sofre diversas modificações em sua estrutura e mesmo em sua funcionalidade. A inexistência de um padrão estrutural dominante tal qual pai, mãe e filhos, e a abominação do discurso normatizador institucional pelos indivíduos são as principais características das famílias e das uniões pós-modernas.

Neste contexto histórico-social não há a dominância de um padrão de família ou de relação conjugal (como pai, mãe e filhos), o que há são várias formas de relacionar-se afetiva e conjugalmente (Vaitsman, 1994). Isso significa que muitas famílias são regidas pelas mães em vez dos pais; que muitos pais ficam com a guarda dos filhos em caso de separação em vez das mães; que os constantes casamentos e separações possibilitam a existência dentro de um mesmo lar de filhos de uniões com cônjuges diferentes; casais sem filhos, por exemplo.

Novos valores são encontrados nas várias formas de conjugalidade tais quais igualdade entre os parceiros, companheirismo, amizade e não obrigatoriedade da procriação. Os mesmos lembram os preceitos pregados pelo casamento onde a reprodução deixa de ser a finalidade última do matrimônio, passando este a ser pautado em propósitos econômicos e psicológicos que sejam prioridade para o casal (Araújo, 2002).

Sendo assim, três características fundamentais na sociedade são postas em cheque: a segurança, a respeitabilidade e a fecundidade. O casamento não significa mais estabilidade uma vez que a lei do divórcio possibilita a separação de casais de forma legal, ele tem a duração que os parceiros decidem de acordo com seus anseios e satisfações e com a mulher no mercado de trabalho, o casamento nem mais representa segurança econômica pela submissão de uma das partes.

Ele não é mais requisito para se alcançar status social, pois a sociedade pós-moderna tenta livrar-se de laços normativos e filiativos, isto é, deseja abandonar quaisquer amarras que lhe podem a liberdade almejada.

E o casamento não é mais indispensável para a reprodução uma vez que o simbolismo que o envolvia bem como as normas a ele atreladas são deixados de lado (Magalhães, 1993).

Desta forma, as barreiras sociais que poderiam ajudar um indivíduo a se manter na relação parecem não existir mais. Talvez esse seja um dos motivos pelo qual o número de divórcios tenha aumentado ao longo dos anos. Segundo Féres-Carneiro (2003), para cada quatro casamentos no Brasil há um rompimento conjugal. Esse dado evidencia um índice de divórcio muito alto dentro de nossa sociedade.

sábado, 27 de outubro de 2007

Porque nos apaixonamos?

"Temos a tendência de nos apaixonar por pessoas que são parecidas conosco", diz a antropóloga Helen Fisher

"Por que Amamos", a obra mais recente da antropóloga americana Helen Fisher, tem texto leve e traz citações literárias que mostram o pensamento do homem frente ao amor. De maneira científica, o livro procura desvendar os mistérios que envolvem esse sentimento no cérebro

Entre outros assuntos, Helen tenta comprovar que o amor faz parte da natureza humana tanto quanto o medo ou a fome. Ele seria, na verdade, o instinto responsável por fazer nossa espécie se perpetuar no planeta. Além de desvendar as reações químicas que acontecem no organismo dos apaixonados, Helen Fisher também toca em tópicos no mínimo curiosos para quem quiser entender um pouco mais do amor. Entre eles, a evolução do 'amor romântico', o amor entre os animais e quem escolhemos quando nos apaixonamos. Sobre último tema, Helen dá apenas uma 'degustação' do que ela e seu grupo de pesquisas estão aprontando. O estudo completo virá em forma de livro e será a próxima obra da autora.

Em seu livro, você diz que o "amor romântico" foi se instalando em nosso cérebro ao longo da evolução do ser humano (a autora é evolucionista).

- Como você define o 'amor romântico' e como ele se tornou parte do homem?

Helen Fisher - Eu e meus colegas colocamos 32 pessoas loucamente apaixonadas sob análise para nossos estudos. Encontramos algumas características desse "amor romântico". A parte do cérebro que se torna ativa quando você olha uma foto da pessoa que ama fica bem no interior do órgão. Trata-se de um sistema primitivo e antigo. Acredito que temos três sistemas cerebrais diferentes: o primeiro se trata do impulso sexual; o segundo é o "amor romântico", um estágio intenso de sentimentos obsessivos associados ao parceiro; o terceiro seria a sensação de segurança que você sente quando vive com alguém por muito tempo.

Antes de colocar essas pessoas sob monitoramento cerebral, minha questão mais importante era saber quanto tempo do dia e da noite elas pensavam no ser amado. E eles disseram que é todo o tempo. Há uma constelação de características que me fizeram perceber que o 'amor romântico' não é uma emoção, são várias. Quando olhei as partes do cérebro que estão envolvidas, me ocorreu que o "amor romântico" é um motor para encontrar um amor específico.

O "amor romântico" acontece para que você concentre sua energia em uma única pessoa por vez. E o compromisso envolve você tolerar essa pessoa pelo menos até o tempo de criar um filho.

- Por que o ser humano se apaixona por uma única pessoa de cada vez?

Helen - O "amor romântico" inicia um laço muito intenso entre um homem e uma mulher. O propósito do amor romântico é a concentração em uma única pessoa. Há milhões de anos, as mulheres precisavam de um parceiro para ajuda-las, pois viviam em regiões perigosas. Tinham que carregar os filhos nos braços, não nas costas como os outros primatas. Então, como iriam se proteger? Precisavam de alguém.

- Você diz que os aspectos básicos do "amor romântico" não mudaram de anos para cá. Que aspectos seriam esses?

Helen - Eu não vejo nenhuma mudança. Podemos ver, por exemplo, os elementos desse amor expressos em poesias antigas, no mundo todo. E esses mesmos elementos continuaram na modernidade. Estamos falando de um sistema que é similar ao do medo. O objeto do seu medo pode mudar, mas o sistema cerebral que desperta essa sensação não. Da mesma maneira, nós nos apaixonamos por diferentes pessoas, mas o sentimento que temos é o mesmo.

Em seus estudos, Helen concluiu que o 'amor romântico' inicia um laço muito intenso entre um homem e uma mulher e que seu propósito é a concentração em uma única pessoa.

Nota do Virgilio: - Particularmente fico muito entusiasmado quando vejo cientistas, estudiosos não-cristãos comprovarem através de seus estudos e descobertas o que o bom Deus colocou como ideal no coração do homem. O amor romântico de um Homem e uma Mulher é exaltado de maneira magnifica nas páginas Sagradas, especialmente no livro de Cantares de Salomão. Este artigo reforça o laço afetivo, a exclusividade relacional, a fidelidade e a heterossexualidade.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O êxito da abstinência, castidade e fidelidade no combate à AIDS

Com as mudanças no comportamento sexual das últimas decadas e a massacrante campanha contra princípios tradicionais, como o sexo após o casamento, fidelidade ao parceiro conjugal e valorização da virgindade entre os jovens, o que temos percebido é que muitos problemas surgiram no bojo dessas trasformações sociosexuais. Talvez o amior problema que enfrentamos neste período, que permanece até hoje é o da AIDS. Nas últimas décadas tem assustadoramene arrazado as populações de países ricos e pobres, sendo sua maior assolação no continentes africado.

Muitas campanhas e recursos têm sido utilizados para amenizar a questão. Geralmente o que se tem visto é a popularização do uso de preservativos, como meio mais eficaz de comabete a doença. Infelizmente os resultados não confirmam os objetivos. Diferentemente de outros paises Uganda elegeu um outro viés de campanha e os resultados têm sido surpreendentes.


A agência LifeSite denunciou que a maioria das reportagens sobre AIDS na África omite sistematicamente os avanços da Uganda em conter a epidemia, por ter privilegiado em sua política sanitária a promoção da abstinência sexual, a fidelidade e a castidade.


Citando os últimos informes, a agência sustenta que a Zâmbia é o último país em sofrer uma dramática queda em sua expectativa de vida. Entre os anos 1990 e 2000, a expectativa de vida caiu de 52 para 40.5 anos, enquanto que a UNICEF diz que a AIDS é a principal causa de morte e assegura que 20 por cento da população adulta está infectada.


A África Sub-Saariana tem cerca de 30 milhões de casos de HIV positivos, e 60% são mulheres. Em Suazilândia, o governo diz que 38.6 por cento dos adultos é HIV positivo, 4 por cento mais que há um ano. Além disso, as figuras das Nações Unidas mostram que Botswana a mais alta taxa de infecção adulta do mundo com 38.8 por cento.Muitas autoridades, incluindo o Secretário de Estado norte-americano Colin Powell, louvaram e reconheceram o êxito de Uganda em reduzir a taxa de infecção local em 50 por cento desde 1992. Inclusive a CNN exibiu no ano 2000 que o país é "visto como o mais bem sucedido na luta contra a AIDS".


Entretanto, precisa LifeSite, por alguma razão "as reportagens poucas vezes mencionam que o êxito de Uganda é baseado no incentivo à abstinência, castidade e fidelidade, e não nos preservativos".


"Embora na África do Sul a doença continue crescendo e já afeta 15.6 por cento dos que têm entre 15 e 49 anos a pesar de, ou talvez por, ter aumentado significativamente o uso de preservativos. Destaca-se que a agência da ONU para a AIDS em sua página oficial na Internet www.unaids.org não menciona o avanço da Uganda".


Por tudo que cremos e defendemos esse tipo de resultado nos faz reafirmar que os princípios divinos para uma vida sexual saudável são e sempre serão a melhor opção para os seres humanos.

domingo, 7 de outubro de 2007

Sexo & Adolescência: informação e precocidade

Os adolescentes de hoje são a geração mais bem informada sobre sexo de todos os tempos. Eles têm aulas de educação sexual na escola, lêem a respeito nas revistas, vêem os reality shows da televisão e, se restar algum vestígio de dúvida, há sites na internet que respondem a qualquer questão sobre o tema. Os jovens não apenas sabem muito como não há amarras sociais nem familiares que verdadeiramente os impeçam de passar da teoria à prática no momento escolhido por eles próprios.


Nada disso, vale dizer, impede que estejam confusos e divididos sobre temas como virgindade, fidelidade, namoro e casamento. O conhecimento também não é suficiente para evitar descuidos, como sexo sem camisinha. Por ano, nasce 1 milhão de bebês de mães solteiras adolescentes no Brasil. "O início da vida sexual é um processo extremamente complexo para qualquer pessoa, de qualquer geração", diz Paulo Bloise, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo, especialista em adolescência.


A persistência das angústias em relação à vida amorosa, apesar do conhecimento e das liberdades atuais, tem uma explicação óbvia. "Sexo não é só uma questão de informação, mas também de maturidade", pondera o psicólogo Mauricio Torselli, do Instituto Kaplan, centro de estudos da sexualidade em São Paulo. Esta é a primeira geração que não conta com a orientação de um guia socialmente rígido para a sexualidade. Pais e mães estão igualmente confusos, preocupados e tão carentes de parâmetros quanto os próprios filhos. Muitos deles tentam estabelecer paralelo entre o que está acontecendo e sua própria geração. Os dois momentos são diferentes.


O desejo de romper estruturas sociais esclerosadas fez da liberdade sexual uma das bandeiras dos jovens nos anos 60 e 70. Quando chegou a vez deles, deram liberdade aos filhos, mas não incluíram no pacote um modelo de comportamento sexual. O que se observa na sexualidade da atual geração não tem nem vestígio daquela energia rebelde e transformadora. O debate agora não é mais a presença de limites e sim, eventualmente, a ausência deles.


A precocidade e a ousadia dos primeiros relacionamentos são uma característica de hoje. A idade da primeira vez das meninas é 15 anos, de acordo com pesquisa da Unesco nas principais capitais do país. A dos meninos, 14. O surpreendente é que muitos jovens que têm vida sexual ativa não começaram com um namoro firme, mas com alguém com quem "ficava" – ou seja, com um quase desconhecido.


Ficar é o nome dado a sessões de beijos e abraços mais ousados. A diferença entre essa relação e o namoro tradicional é que a primeira é descompromissada e passageira. Uma menina que fica com um colega numa festa não precisa tratá-lo como alguém especial ao vê-lo no colégio no dia seguinte. A pressão sobre os adolescentes para que iniciem a vida sexual ativa deve fazer com que os jovens se sintam num túnel de vento. Como tomar a decisão? A única resposta é: pense bem se você está preparado e se é isso mesmo o que quer. "


Um risco é o jovem, de tanto ouvir falar de sexo, ter a falsa idéia de que crescer significa ter quanto antes uma relação sexual", diz o psicólogo paulista Antonio Carlos Egypto, do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual. Nesse assunto, os pais podem ajudar bastante. Muitos deixam de perguntar sobre a vida dos filhos quando eles chegam à adolescência. É um erro.


Os especialistas aconselham a continuar a falar sobre comportamento, expectativas e valores. Só é preciso evitar pronunciamentos solenes. Adolescentes odeiam sermões – especialmente sobre sexo.


Na contramão das pressões sociais de incentivo ao sexo prematuro, os pais cristão devem preservar sua responsabilidade de orientar e conduzir seus filhos a escolhas acertadas. O sexo ocorre com a pessoa certa e tem seu momento certo. Além disso deve ser pesado o vínculo que estabelece entre as pessoas, muito mais significativo do que ser um ritual de passagem ou aceitação na fase adulta. Como cristãos entendemos que o sexo tem seu lugar próprio: o casamento.


(discussão a partir de artigo Veja, de julho de 2003.)

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Pornocultura

O crescimento da aids, o aumento da criminalidade e a escalada das drogas castigam a juventude européia. Para muitos jovens os anos da adolescência serão os mais perigosos da vida. Gravidez precoce, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas compõem a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil.

A dura realidade, também presente aqui, no Brasil, deveria merecer uma reflexão mais desengajada e madura, sobretudo no momento em que o governo federal enfatiza a distribuição milhões de preservativos num pretenso esforço em defesa da saúde pública.


Segundo o porta-voz do Institute for Research and Evaluation, "é um erro acreditar que com mais preservativos se evitem os comportamentos perigosos".
Pesquisas revelam que adolescentes bem informados continuam tendo condutas sexuais de alto risco. A informação, despida de orientação moral, acaba sendo contraproducente. Na verdade, as campanhas de educação sexual, na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, não têm sido capazes de neutralizar a influência do gigantesco negócio do sexo, que, impunemente, acaba determinando a agenda do mundo do entretenimento.


No caso do Brasil, a culpa não é só da televisão, que, raramente, apresenta bons programas. É de todos nós - governantes, formadores de opinião e pais de família -, que, num exercício de anticidadania, aceitamos que o País seja definido como o paraíso do sexo fácil, barato, descartável. A caricatura do país das mulatas, dos rebolados e do carnaval. Numa verdadeira sexolatria nacional.


É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como um paraíso excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras sexuais com crianças e adolescentes. Reportagens denunciando redes de prostituição infantil, algumas promovidas com o conhecimento ou até mesmo com a participação ativa de autoridades públicas, crescem à sombra da impunidade.


Os últimos governos , assustados com o aumento da gravidez precoce e com o crescente descaso dos usuários da camisinha, investem pesado na distribuição do preservativo. A estratégia é inútil.


Afinal, milhões de reais já foram gastos num inglório combate aos efeitos. O resultado está gritando no assustador avanço da gravidez precoce. A raiz do problema, independentemente das iras que se possa despertar em certos ambientes politicamente corretos, está na onda de hipersexualização que tomou conta do ambiente nacional. É ridículo levar um gordo a um banquete e depois, insensatamente, querer que evite a gula. Hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, só se fala daquilo. O sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade.


As campanhas de prevenção da aids e da gravidez precoce chocam de frente com inúmeros programas de auditório que fazem do sexo bizarro uma alavanca de audiência. A programação infantil, outrora orientada por padrões éticos e educativos, passou a receber forte carga de violência e sexo. Desenhos animados, marca registrada de um passado não distante, foram substituídos pelo apelo erótico que domina, por exemplo, a programação do fim de semana.


Iniciação sexual precoce, abuso sexual e prostituição infantil são, de fato, o resultado da cultura da promiscuidade que está aí.


Em nome do anti-moralismo não se tem feito nada eficaz quanto a este problema. Creio que chegou a hora de uma guinada. É hora de instituições sérias, éticas e morais defenderem os verdadeiros valores humanos. Como cristãos temos que influenciar e exaltar atitudes que resgatem a dignidade e a Imagem do ser humano. Como brasileiros devemos lutar para que, principalmente nossos jovens, compreendam a influência da mídia e os efeitos da pornocultura que se instalou em nosso país.

domingo, 9 de setembro de 2007

Síndrome de Don Juan

Don Juan é um personagem literário tido como símbolo da libertinagem. Descreve-se o donjuanismo como uma personalidade que necessita seduzir o tempo todo, que aparentemente se enamora da pessoa difícil mas, uma vez conquistada, a abandona.

As pessoas com esse traço não conseguem ficar apegados a uma pessoa determinada, partindo logo em busca de novas conquistas. As pessoas com essas características são os anarquistas do amor, tornando válidos quaisquer meios para conquistar, entretanto, os sentimentos da outra pessoa não são levados em conta.


Em psiquiatria clínica, entretanto, o desprezo para com o sentimento alheio pode ser critérios para o diagnóstico de Sociopatia ou Personalidade Anti-Social. Para o Don Juan só interessa o instante do prazer e o triunfo sobre sua conquista, principalmente quando a presa de seu interesse tem uma situação civil proibida (casada, irmã ou filha de amigo, etc). De maneira especial busca mulheres religiosas devotadas, usando de todas as suas estratégias sedutoras. Neste caso disputa diretamente com Deus o coração da “amada”.


Normalmente essas pessoas ignoram a decência e a virtude moral mas seu papel social tenta mostrar o contrário; são eminentemente sedutores. Sobre essa característica o escritor Carlos Fuentes, alega ao seu Don Juan a frase: "Porque nenhuma mulher me interessa se não tiver um amante, marido, confessor ou Deus, ao qual pertença ...".


O aspecto de desafio mobiliza o donjuan, fazendo com que a conquista amorosa tenha ares de esporte e competição, muitas vezes convidando amigos para apostas sobre sua competência em conquistar essa ou aquela mulher. Não é raros que esses conquistadores tragam listas e relações das mulheres conquistadas, tal como um troféu de caça.


Por outro lado, segundo Kaplan, deve haver significativos sentimentos homossexuais latentes desses indivíduos. Esse autor considera que, levando para a cama a mulher de outro, o donjuan estaria inconscientemente se relacionando com o marido, motivo maior de seu prazer. Tanto que é maior o prazer quanto mais expressivo é o marido ou namorado traído.


O narcisismo (traço feminóide) dessas pessoas é uma das características mais marcantes, ao ponto delas amarem muito mais a si mesmas que a qualquer outra pessoa conquistada. Outros autores acham o donjuanismo um excesso do complexo de Édipo, ou fixação na mãe, já que muitos deles não constituem família com nenhuma de suas conquistas e acabam vivendo para sempre com suas mães.


Nos casos mais sérios a inclinação à sedução pode adquirir caráter de verdadeira compulsão, tal como acontece no jogo patológico. De certa forma, a conquista compulsiva do Donjuan serve-lhe para melhorar sua sensação de segurança e auto-estima, entretanto, uma vez possuído o que desejava, já não o deseja mais. Em alguns casos o Donjuan começa a se desestimular com a conquista, quando percebe que a mulher conquistada já está apaixonada por ele, ou ainda, pode nem haver necessidade do ato sexual a partir do momento em que ele percebe que a mulher aceita e deseja o sexo com ele. Por outro lado, se a mulher é indiferente ou não cede à sua sedução, o Donjuan se torna mais obstinado ainda.


Nesse sentido, ele é sempre muito inconstante, desempenha papeis sociais sempre teatrais e exclusivamente dirigidos à satisfação de suas conquistas, por isso faz sempre o tipo "príncipe encantado", tão cultuado pelo público feminino. Ele tem habilidade em perceber rapidamente os gostos e franquezas de suas vítimas e, é igualmente rápido em atender as mais diversas expectativas.


Donjuanismo Feminino


Mesmo com a moda do "ficar com..." e com a maior liberalidade feminina o donjuanismo não desapareceu. Antes disso, atualmente já pode ser possível observá-lo entre as mulheres. Embora num campo da ação muito mais restrito, o donjuanismo continua fazendo suas vítimas sentimentais; agora, femininas e masculinas.

Não há designação satisfatória para descrever a mulher que preenche os requisitos do donjuanismo, mas elas existem indubitavelmente. São também pessoas movidas pela compulsão da conquista do outro, pela inclinação ao relacionamento impossível, seja com homens mais velhos ou muito mais novos, casados, religiosos, padres, enamorados de outras mulheres, enfim, pessoas que oferecem alguma condição de desafio.


No donjuanismo feminino, tanto quanto no masculino, não há necessidade invariável de concluir a conquista através do ato sexual. Basta a mulher perceber que o objeto da conquista está, digamos, aos seus pés, que a motivação para continuar o relacionamento se desvanece.


Normalmente as pessoas com esse perfil de personalidade acabam por não se fixarem com nenhuma companhia mais seriamente, não constituem família e acabam se aborrecendo quando constatam que não têm mais facilidade para conquistar mocinhas de 20 anos quando já estão na casa dos 60. Além disso, muitas vezes acabam ridicularizados por essas tentativas totalmente fora do contexto.


Além disso, eles podem atravessar períodos de grande angústia na maturidade quando se dão conta de que todos seus amigos estão casados têm família e eles já não podem desfrutar de tantas companhias femininas como outrora.

domingo, 26 de agosto de 2007

Papel do homem nas tarefas domésticas.

Recentemente no Globo Online (17/08/2007) foi publicada uma pesquisa que confirma o predomínio do machismo nas relações domésticas ainda hoje em nossa sociedade. Impressionante que tais dados também são significativos no meio evangélico.

Não é de hoje que o papel feminino no meio cristão, e especialmente evangélico, tem sido muitas vezes alvos de repressão e desqualificação. Nos meios mais ortodoxos interpretações forçadas do texto bíblico servem ainda para manter a mulher sob a égide e poder masculino, aumentando a carga sobre elas.

Os dados estatísticos do IBGE confirma o que as mulheres já sabiam: homem dá muito trabalho. A pesquisa mostra que a existência de um cônjuge masculino dentro de casa representa um aumento de cerca de duas horas semanais nos afazeres domésticos das mulheres. E revela que os homens com maior grau de escolaridade são os que mais ajudam nas tarefas domésticas. E que é no Nordeste brasileiro a região onde eles menos ajudam.

De certa forma o meio eclesiástico reflete o arranjo dos lares e da sociedade em geral. Em muitos casos, a mulher cristã acumula funções domésticas, cuidados com a prole, deveres profissionais, deveres na igreja e quando não ainda numa formação acadêmica.

“Muitos maridos não compreendem e não apreciam suficientemente os cuidados e perplexidades que suas esposas suportam, geralmente confinadas o dia todo à incessante rotina dos deveres domésticos. Freqüentemente eles retornam ao lar com a fisionomia carregada, não trazendo alegria ao círculo da família. Se a refeição não saiu na hora, a fadigada esposa, que é a um tempo, faxineira, enfermeira, cozinheira e ama, é saudada com censuras.”

A pesquisa, anteriormente citada, também confirma que o fato de trabalhar fora de casa não liberou as mulheres dos afazeres domésticos. No país, 109,2 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade declararam realizar tarefas domésticas. Destas 71,5 milhões (65,4%) são mulheres e 37,7 milhões (34,6%) são homens. O tempo despendido diferencia-se significativamente: eles 8,2 e elas, 14,3 horas semanais.

" Na faixa etária de 25 a 49 anos de idade, onde a inserção das mulheres no mercado de trabalho é maior e a presença de filhos pequenos maior, 94% das brasileiras realizam trabalhos domésticos"

As mulheres casadas têm maior jornada com afazeres domésticos e dedicam a este trabalho o triplo do tempo gasto pelos homens, ou seja, 31,1 horas semanais contra 10,9 horas deles. Entre as não-casadas, o tempo médio é de 22 horas semanais.

Se aumentou a necessidade da mulher contribuir profissionalmente com recursos financeiros para a manutenção de sua família, por outro lado não vemos aumentar a participação masculina nos afazeres domésticos em igual percentual. Se bem que o número de homens que ajudam nos deveres domésticos têm aumentado. Por incrível que pareça parte deste problema se dá pela própria atuação da mulher impedindo a ajuda dos homens da casa (filhos e esposo), mantendo a exclusividade e prioridade dos deveres com a ala feminina.

A desigual distribuição dos trabalhos domésticos começa a se delinear já na infância. Na população entre 10 e 17 anos, a diferença já aparece: enquanto 82,6% das meninas nessa faixa etária ajudam nas tarefas da casa, somente 47,4% dos meninos se dedicam a esse trabalho caseiro:
- Há uma construção cultural de que cabe às meninas essas atividades. Mesmo com carga maior, elas têm rendimento escolar melhor, fazem mais tarefas domésticas e, mesmo quando estão no mercado de trabalho, a carga de serviço é maior que a dos meninos (oito horas semanais para os meninos ocupados e 14,1 horas para meninas ocupadas - diz Cristiane Soares, técnica da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.

Como religiosos como podemos mudar esses números em nosso meio? Será que os homens e pais poderiam atuar de maneira diferente em suas casas? É dito aos maridos e pais:

“A vida da mãe nas humildes ocupações domésticas é de constante sacrifício, tornando-se mais dura se o marido deixa de apreciar as dificuldades da posição da esposa e não lhe dá o seu apoio.” (Signs of the Times, 6 de dezembro de 1877.)

“O pai não deve omitir-se de sua parte na obra de educar os filhos. Ele deve participar das responsabilidades. Há obrigações para ambos, pai e mãe.”

Creio que num tempo de reavaliações nos papéis sócio-sexuais, os homens cristãos devam assumir seu papel de ajudador nos deveres domésticos, aliviando o fardo da parte feminina.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Escravos da Beleza

Ser jovem, aliás, ser eternamente jovem, é a principal aspiração existencial de algumas pessoas, atualmente acrescida do ideal de beleza de ser magro(a), malhado(a) e esbelto(a). No Brasil, o conceito de beleza está associado a ser jovem, como se fosse impossível encontrar o belo fora da juventude. Talvez por isso nosso país esteja entre os primeiros no ranking da Cirurgia Plástica Rejuvenescedora, além de ser também um voraz consumidor de medicamentos para emagrecer. É triste, mas às vezes as pessoas acham que o mais importante é o que aparentam, e não o que são de fato. E é comum dizer-se “– Nossa, você já tem 60 anos? Mas não parece...”. Não parece como? Baseado em que? Ora essa atitude invalida todas as experiências vividas para se chegar aos sessenta, que não se consegue aos trinta ou quarenta.
“Bela, jovem e magra, custe o que custar”. Ser bonita, fazer um book e tentar ser famosa através dos atributos físicos... Este é o conceito ideal que algumas meninas, adolescentes, jovens e mulheres perseguem incessantemente. Modelos, artistas de cinema e de televisão são os protótipos copiados por elas, colocando em segundo plano outros atributos que não os do corpo perfeito.
De fato, romper esses estereótipos culturais tem sido muito difícil. As pessoas são catalogadas culturalmente e classificadas em categorias sociais; jovens e belas, modernas, avançadas, de atitude, arrojadas, descoladas, enfim, nesse mundo pretensamente liberal e democrático, nessa sociedade que se diz respeitar a individualidade e autenticidade, quem não se enquadrar obrigatoriamente no modelinho da modernidade desejada estará, automaticamente, excluído do mundo das pessoas “de bem”. E um desses modelinhos implica na observância obsessiva dos limites do peso, tiranamente estabelecido por sabe-se-la-quem.
Mas há uma luz (tênue) no fim do túnel e aqueles que conseguem seguir o próprio caminho, emancipados dos estereótipos ou modelinhos culturais, parecem viver muito melhor. Foi o que mostrou uma pesquisa feita em 1995 na Universidade de Edinburgh, na Inglaterra, transformada no livro e comentada na revista Época. O autor, o psicólogo David Weeks, pesquisou, por uma década, pessoas que viviam fora dos padrões - tanto de comportamento quanto estéticos. Foram 789 americanos, 130 britânicos, 25 alemães e 25 neozelandeses. Ao fim, concluiu que os excêntricos eram mais seguros, menos estressados, mais felizes e, por isso, tendiam a viver mais.
Em nossa cultura o conceito de beleza está associado à juventude, como se não existisse o belo fora da juventude. A conseqüência dessa cultura na saúde emocional se vê na ocorrência de alguns transtornos emocionais como, por exemplo, os Transtornos Alimentares (anorexia e a bulimia), Transtorno Dismórfico Corporal, Vigorexia. Isso sem contar a propensão que as pessoas vitimadas pelas restrições sociais impostas pela tirania do corpo têm para desenvolver depressão, algumas vezes levando ao suicídio. Além de tudo isso, a cultura do corpo perfeito acaba promovendo acidentes médicos graves decorrentes do uso abusivo de cirurgias e intervenções estéticas.

domingo, 12 de agosto de 2007

A linguagem do amor

É gratificante quando percebemos que várias pessoas de diferentes formações, ideologias e religiões percebem a importância de exaltar o amor e repudiar o egoísmo. Como no artigo a seguir de uma médica paulista:

A juventude, pressionada por um ambiente hedonista, grita silenciosamente por orientação
(Aneliese Alckmin Herrmann)


"Acredito que a maior tragédia do homem tenha ocorrido quando ele separou o amor do sexo. A partir de então, o ser humano passou a fazer muito sexo e nenhum amor. Não passamos do desejo, eis a verdade. Todo desejo, como tal, se frustra com a posse. A única coisa que dura além da vida e da morte é o amor". Esta observação de Nelson Rodrigues traz à tona a necessidade, cada vez maior nos dias de hoje, de dizer não ao sexo descartável. Vários depoimentos de jovens confirmam este fato: “O sexo hoje em dia está radicalmente banalizado. As pessoas esquecem de construir um relacionamento antes de trazer o sexo a ele", dizia recentemente um jovem a um conhecido jornal.


Passamos abruptamente de uma educação onde o sexo era tabu e a ignorância a respeito da sexualidade humana considerada uma manifestação de integridade moral, para uma outra onde tudo é “normal”, correto e permitido. O sexo passou a ser uma matéria de ensino esquecendo-se de que “não se ensina a fazer sexo assim como não se ensina a amar”. O advento da AIDS colaborou de certa forma para que os educadores, preocupados com a disseminação da doença particularmente entre os jovens, procurassem uma maneira de impedir o avanço do mal.


Mundialmente foi adotada uma série de medidas: campanhas preventivas, propaganda insistente no uso de preservativos, educação sexual nas escolas — que, no Brasil, é obrigatória para escolas de ensino fundamental e médio. No ser humano — racional —, que deve ter seus instintos sob o domínio da razão, o sexo deve ser manifestação de amor, verdadeiro amor. E amor exige conhecimento, convivência. Necessita de tempo. A juventude à deriva, sem distinguir claramente o certo e o errado, pressionada por todos os lados pelo ambiente hedonista de busca do prazer pelo prazer, precisa urgentemente de orientação. Mas surge uma questão: estaremos, pais e mestres, aptos a orientar? Estamos de fato conscientes de que o ser humano é racional, isto é, tem capacidade de escolha e pode, portanto, dominar seus instintos? É dessa conscientização que depende a orientação certa e segura.


Para citar somente um exemplo, o uso de preservativos é apregoado como sendo proteção absoluta contra a disseminação da AIDS. No entanto, é preciso esclarecer a juventude (e os adultos também!) que, se o preservativo falha na prevenção da gravidez, também pode falhar em relação ao risco de contrair AIDS, pois a transmissão se faz da mesma maneira. Quem embarcaria num avião que tivesse uma chance conhecida de cair, ainda que esta fosse mínima?


É preciso educar nossos filhos para uma vida moralmente sadia, e isto inclui um conhecimento adequado da sexualidade humana. E essa educação começa em casa. Os pais, porque amam seus filhos e querem sua felicidade, são as pessoas mais capacitadas para fornecer a eles os elementos básicos para o desenvolvimento saudável da sexualidade. A escola poderá ser um bom complemento. Bom complemento se bem orientada. Não podemos compactuar com toda essa deformação que presenciamos à nossa volta através de jornais, revistas, novelas, propagandas e programas de televisão. Desvios comportamentais, taras e doenças devem ser tratados em consultórios e não ser veiculados como algo necessário num relacionamento a dois. A imprensa deve repensar o seu trabalho e, numa atitude adulta, percebendo que ninguém quer a volta da censura, mas informação e lazer sadios, redimensionar qualitativamente aquilo que apresenta ao público.


A família, célula de uma sociedade bem estruturada, deve ser valorizada, amparada, respeitada no seu direito de dar aos filhos uma educação que lhes possibilite ser homens e mulheres de valor, cidadãos íntegros e retos. Os jovens gritam silenciosos que necessitam da nossa firmeza de conceitos morais, de nossa coerência de vida, da nossa luta por criar uma sociedade onde possamos viver como seres humanos racionais, no sentido exato do termo. Para isso vale a pena adquirir conhecimentos sólidos e verdadeiros que, como numa explosão radioativa, deixarão entre nossos adolescentes partículas que os ajudem a imprimir um ritmo adequado às suas vidas.



Dra. Aneliese Alckmin Herrmann é Prof. Adjunta do Departamento de Pediatria da Unifesp — Escola Paulista de Medicina e membro do Departamento Científico do Instituto de Estudos Mulher, Criança e Sociedade.

domingo, 29 de julho de 2007

A importância de dizer NÃO ao sexo precoce

Nos Estados Unidos, no final da década passada (*), cerca de 40% das garotas engravidavam antes de chegar aos 20 anos. O índice de gestações em adolescentes mais que triplicou entre 1960 e o início da década de 90. De um tempo pra cá tem se estabilizado, mas ainda assim é muito mais alto que em outros países desenvolvidos: é o dobro da Inglaterra e do Canadá, e nove vezes maior que no Japão. Por isso, "é fundamental saber como resistir à pressão" para ter relações sexuais.
Sobre este assunto, existe um estudo realizado na Nova Zelândia e publicado no British Medicai Journal em janeiro passado. Trata-se de uma pesquisa com 900 jovens de 21 anos, homens e mulheres.

De acordo com o estudo, a idade média em que tiveram suas primeiras relações sexuais foi de 16 anos para as mulheres e 17 anos para os homens. Agora, "muitos daqueles que iniciaram sua atividade sexual no princípio ou em meados da adolescência se arrependem de haver começado tão jovens". 54% das mulheres e 16% dos homens dizem que deveriam ter esperado mais. A porcentagem chega a 70% entre as mulheres que tiveram sua primeira relação sexual antes dos 16 anos.

Outro dado revelado pela pesquisa é o de que os que iniciaram sua vida sexual mais cedo contraíram doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) em maior porcentagem. Tomando como referência a idade de 16 anos, o resultado é o seguinte: dos que começaram a ter relações sexuais antes desta idade, 16% dos homens e 28% das mulheres contraíram alguma DST, contra 6% e 12%, respectivamente, dos que começaram a vida sexual mais tarde. Nos Estados Unidos, cerca de 3 milhões de adolescentes contraem doenças sexualmente transmissíveis anualmente.

Os autores do estudo neozelandês explicam o aumento das relações sexuais entre adolescentes desta maneira: "Os jovens estão expostos a imagens sexuais através dos meios de comunicação. A pressão social e dos colegas pode dever-se ao fato de que o sexo se apresenta como algo atrativo, prazeroso e próprio dos adultos, sem as conseqüências negativas nem as possibilidades que implica".
Esta idéia manca da sexualidade é prejudicial, como ressalta outro estudo, publicado na revista norte-americana Family Planning Perspectives, as garotas que têm relações sexuais mais cedo costumam sofrer de depressão, baixa auto-estima e uma sensação de que a sua vida não está sob seu controle. "Para que não acreditemos que as garotas que têm relações sexuais agem assim porque não podem resistir, em uma pesquisa realizada há seis anos, 25% das meninas disseram que sua primeira experiência foi 'voluntária mas não desejada'".
Concluimos que reduzir a atividade sexual precoce exige muito mais que informação sobre sexualidade e contracepção: é preciso ensinar aos jovens como e porquê dizer "NÃO".
(*) dados de 1998

quinta-feira, 19 de julho de 2007

A vida sem casamento

Nunca houve tantas mulheres bem-sucedidas, bem-cuidadas e bem de vida. E nunca houve tantas solteiras. Por opção, distração ou falta de oportunidade, elas não acham um marido a contento. Ou, simplesmente, um marido.

Por razões sociais, culturais e biológicas, a maioria absoluta das mulheres aspira a encontrar um companheiro, casar-se, constituir família e, por intermédio dos filhos, ver cumprido o imperativo tão profundamente entranhado em seu corpo e em sua psique ao longo de centenas anos de história.

A diferença a que se assiste hoje é que não existe mais um calendário fixo para que isso aconteça. A formidável mudança que eclodiu e se consolidou ao longo do último século, com o processo de emancipação feminina, o acesso à educação e a conquista do controle reprodutivo, permitiu a um número crescente de mulheres adiar a "programação" materno-familiar. As mulheres que dispõem de autonomia econômica e vida independente não são mais consideradas balzaquianas aos 30 anos – apenas 30 anos! –, encalhadas aos 35 e, aos 40, reduzidas irremediavelmente à condição de solteironas, quando não agregadas de baixíssimo status social, melancolicamente mexendo tachos de comida para os sobrinhos nas grandes cozinhas das famílias multinucleares do passado.

Imaginem só chamar de titia uma profissional em pleno florescimento, com um ou mais títulos universitários – e um corpinho bem-cuidado que enfrenta com honras o jeans de cintura baixa ou o biquíni nos intervalos dos compromissos de trabalho. Além de fora de moda, o termo pode ser até ofensivo. O contraponto a esses avanços é que, quanto mais as mulheres prorrogam o casamento, mais se candidatam a uma vida inteira sem alcançá-lo.

Em 1986, a revista americana Newsweek, em memorável reportagem de capa, fez um alerta alarmante: as mulheres que estavam deixando para se casar mais tarde, ou por exigir muito do parceiro, ou por medo de "perder a liberdade", ou pela intenção de primeiro se firmar profissionalmente, iam acabar ficando para... bem, para o time das que nunca se casaram.
Com base nas projeções de um estudo desenvolvido na Universidade Harvard, a revista dizia que "a mulher branca, com diploma universitário, nascida em meados dos anos 50, que ainda estiver solteira aos 30 anos tem só 20% de chance de se casar"; aos 35, a probabilidade caía para 5% e aos 40, para parcos 2,6% – propiciando aí uma das frases mais execradas de todos os tempos, a de que essa mulher teria "mais probabilidade de morrer num ataque terrorista" do que de encontrar marido (isso, naturalmente, antes que os ataques terroristas chegassem ao território americano).

E, no Brasil, qual a situação da mulher que chega à casa dos 30 sem se casar? A revista VEJA consultou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), examinou pesquisas, conversou com especialistas e constatou: as mulheres que consideram de importância fundamental a aliança na mão esquerda devem ficar atentas à passagem do tempo – ou, quem sabe, mudar-se para os Estados Unidos.

O número de mulheres com 35 a 39 anos que continuam solteiras é bem maior agora do que há dez anos – pelo censo do IBGE, a porcentagem, na faixa daquelas com diploma universitário, pulou de uma já alentada média de 20% em 1991 para 30% em 2000, o último dado disponível. E as perspectivas não são animadoras.

Um grupo de pesquisadores do departamento de estatísticas e demografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte cruzou dados do último censo com informações do Registro Civil e, aplicando a mesma técnica usada para prever taxas de expectativa de vida, calculou a chance de brasileiras solteiras atualmente virem a se casar em algum momento no futuro. O resultado: aos 30, elas têm 27,6% de chance de encontrar um marido. Parece pouco? Pois aos 35, a chance cai quase 10 pontos, e aos 40 despenca para meros 13,7%. Aos 45, a solteira tem apenas 10,1% de probabilidade de comparecer perante um juiz de paz.

Todo mundo sabe que as uniões não formalizadas são freqüentes, em especial entre casais nos quais a parte feminina não sente a premência do "papel passado". Mas que os números impressionam, impressionam.

De acordo com o economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas, "Mulheres sozinhas têm renda 62% mais alta que a das acompanhadas. Quanto mais renda, mais sozinhas; quanto maior a idade, menor o número de acompanhadas; e nas cidades grandes há mais sozinhas do que nas cidades menores ou nas zonas rurais", diz ele. "Quer dizer, se você é executiva, é solteira, passou dos 45 e vive na capital, prepare-se para tirar o máximo proveito da vida a um", aconselha.

A atenção despertada pelo grande contingente de mulheres solteiras é produto de um momento de transição: as transformações sociais, econômicas e tecnológicas das últimas décadas foram tão rápidas que a matriz de comportamentos profundamente solidificados não teve tempo de acompanhar a mudança.

Adiar a união até a carreira estar relativamente bem encaminhada e a independência econômica consolidada tem uma vantagem evidente: o eventual marido deixa de ser a tábua da salvação financeira, a garantia de sobrevivência. Isso, por sua vez, cria uma espécie de ciclo vicioso. Como não precisa, a todo custo, ter um homem para lhe assegurar o status social e econômico, a mulher profissionalmente bem-sucedida é também mais exigente na hora de escolher seu parceiro.

"Mulheres que se dedicaram à carreira e se tornaram qualificadas buscam homens tão ou mais qualificados do que elas. Só que a qualificação se divide na população como uma pirâmide, ou seja, quanto mais qualificado e bem remunerado, mais raro o parceiro. Elas terão mais dificuldade em achar um homem do seu nível", diz o professor de relacionamento amoroso do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Ailton Amélio da Silva, autor do livro O Mapa do Amor.

A pirâmide de parceiros se estreita justo no momento em que a mulher que deixou para se casar mais tarde começa a apontar o radar nessa direção. O dado estatístico é comprovado empiricamente por qualquer mulher que esteja no mercado amoroso. "O homem mais disponível é casado. O mais interessado é jovem demais. E os mais difíceis são os da mesma faixa etária, que só querem sair com meninas novinhas". Se ganha na liberdade de ação proporcionada pela solteirice, reconhece a dureza da falta de ter alguém "para dividir emoções".

No âmbito religioso a situação não está muito diferente, são elas as que ultimamente têm se destacado no desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional. Cada vez mais as mulheres assumem papéis de liderança e proeminência no meio eclesial. Mesmo sendo tradicionalmente dominada pelo clã masculino algumas denominações têm sentido a necessidade abrir espaço para elas.

Por outro lado, são as casadas, com perfil de boas esposas e boas mães que têm maior projeção. O modelo de família contínua o mesmo tradicional e as jovens que crescem no meio religioso se vêem num beco sem saída ainda maior. Além de passarem pelo mesmo drama evidenciado nas pesquisas acima, a doutrinação religiosa lhes impõem um tipo de marido, que circunscreve ainda mais sua aspiração a um casamento feliz. Não é tão simples ser mulher, inteligente, profissionalmente realizada, com formação superior, cristã e conseguir um parceiro à altura.
Deus abençoe as mulheres...

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Abuso Psicológico nas Relações Amorosas

O abuso psicológico é um padrão de comunicação, verbal ou não, com a intenção de causar sofrimento psicológico em outra pessoa, segundo Straus (1992). Pesquisadores encontraram valores elevados de prevalência de abuso psicológico em amostra de 5232 casais norte-americanos. Nesta forma de abuso houve semelhança entre homens (26%) e mulheres (25%).

Muitas vezes o abuso psicológico é a única forma de abuso entre o casal, talvez por se tratar de uma atitude menos detectada como politicamente incorreta. Em amostra de 1152 mulheres com idades entre 18 e 65 anos, observam que 53,6% relatam alguma forma de abuso (físico, sexual ou psicológico) perpetrado pelo companheiro, sendo que 13,6% reportam especificamente abuso psicológico na ausência dos outros tipos de abuso (Coker, 2000).

O abuso psicológico é, às vezes, tão ou mais prejudicial que o abuso físico, e se caracteriza por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Não é um abuso perpetrado predominantemente pelos homens, como é o caso do abuso físico. Ele existe em iguais proporções em homens e mulheres. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indeléveis para toda a vida.

Um tipo comum de abuso psicológico é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e adulação. A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar o outro(a) tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exige atenção, cuidado, compreensão e tolerância.

Outra forma de abuso psicológico é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou omisso. É um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terrível. A mais virulenta atitude com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência.
Stets (1990), em uma ampla investigação com a população americana, verifica que 65% dos homens têm comportamentos de abuso verbal ou psicológico com a companheira.

A Agressão Psicológica é especialidade do meio familiar, e muito possivelmente, dos demais relacionamentos íntimos, chegando-se ao requinte de agredir intencionalmente com um falso aspecto de estar fazendo o bem ou de não saber que está agredindo. O simples silêncio pode ser uma agressão violentíssima. Isso ocorre quando algum comentário, uma posição ou opinião é avidamente esperado e a pessoa, por sua vez, se fecha num silêncio sepulcral, dando a impressão politicamente correta de que “não fiz nada, estava caladinho em meu canto...”. Dependendo das circunstâncias e do tom como as coisas são ditas, até um simples “acho que você precisa voltar ao seu psiquiatra” é ofensivo ao extremo, assim como um conselho falsamente fraterno, do tipo “não fique nervoso e não se descontrole”.

As atitudes agressivas refletem a necessidade de uma pessoa produzir alguma reação negativa em outra, despertar alguma emoção desagradável. As razões dessa necessidade são variadíssimas e dependem muito da dinâmica própria de cada família. Podem refletir sentimentos de mágoa e frustrações antigas ou atuais, podem refletir a necessidade de solidariedade emocional não correspondida (estou mal, logo todos devem ficar mal), podem representar a necessidade de sentir-se importante na proporção em que é capaz de mobilizar emoções no outro.... enfim, cada caso é um caso.

domingo, 24 de junho de 2007

Intimidade e Abuso

É fato sabido que as relações íntimas, maritais, coabitacionais ou de namoro são, por vezes, pautadas pela presença de algum tipo de disfunção e, não raro, de abuso franco. De fato, “existem relações amorosas claudicantes, onde a pessoa que ama não deseja apenas o outro, mas deseja também o desejo do outro, o sentimento do outro e tudo o que possa estar ocorrendo na intimidade psíquica do outro. Diante da impossibilidade de nos apossarmos do sentimento alheio, a pessoa que ama sofre, pois o outro pode não estar sentindo aquilo que se deseja que sinta, pode não estar pensando justamente aquilo que se deseja que pense.

Na medida em que as pretensões de controle sobre os sentimentos da pessoa amada não são contidas, não são ponderadamente refreadas, surge uma imperiosa inclinação para a posse, para o domínio da pessoa amada.”

O abuso no relacionamento interpessoal íntimo tem efeitos danosos marcantes na qualidade de vida, na saúde física e emocional. Tem sido freqüente o comportamento abusivo no relacionamento íntimo, com prevalência variada em diversos países e através de alguns tipos de abuso, como por exemplo, abusos físico, sexual e psicológico.

Entre os estudos e reflexões sobre o comportamento abusivo na vida íntima e/ou conjugal existe a teoria da formação dos vínculos afetivos na infância, enfatizando o impacto da qualidade das relações familiares e o impacto de eventuais abusos sofridos durante a infância, os quais, por sua vez, interfeririam na qualidade do relacionamento com o companheiro na idade adulta.

A incidência desse tipo de comportamento abusivo se comprova alta, acima do que se suspeita, e é mais comum no início da idade adulta (Bachman, 1995), sendo o grupo que mais apresenta comportamento violento dos 19 aos 29 anos de idade.

Incidência de comportamento abusivo no relacionamento íntimo é um dado difícil de se pesquisar, notadamento porque existe uma tendência a ocultar esse tipo de comportamento dos demais. Na maioria das vezes o relacionamento não se desfaz porque o companheiro(a) não abusivo(a) insiste em acreditar que, de uma hora para outra, mediante amor, carinho, fé, complacência e tolerância, ou ainda "incentivada" por submissão à princípios religiosos distorcidos e idealização de um "milagre divino", haverá uma grande mudança na personalidade do outro, que passará a ser a pessoa ideal.

Os aspectos sobre prevalência desses casos são baseados no trabalho de Carla Paiva e Bárbara Figueiredo, do Departamento de Psicologia da Universidade do Minho, publicado na revista Psicologia, Saúde & Doenças (2003). Afirmam que em 1981, pela primeira vez foi referido que 21% dos estudantes pré-universitários vivenciaram um ou mais atos de agressão física em suas relações com o(a) companheiro(a). (Makepeace). Estima-se que 4 milhões de mulheres norte-americanas são vítimas de algum tipo de agressão séria por parte do companheiro por ano, destas, cerca de 1 milhão são vítimas de violência física não fatal (Rush, 2000).

Segundo Carla Paiva e Bárbara Figueiredo, no ano de 1996 as estatísticas oficiais norte-americanas mostraram que 1,5 milhões de mulheres e 834.700 homens sofreram abuso físico ou sexual por parte do(a) companheiro(a). Em 1998, cerca de 1.830 homicídios foram atribuídos ao companheiro, sendo que 3/4 das vítimas são mulheres (Rennison, 2000). Entre os anos de 1993 e 1998, cerca de 2/3 das vítimas de abuso pelo companheiro referem seqüelas físicas, enquanto que 1/3 reporta apenas ameaças ou tentativas de violência.

Outro fato bastante conhecido das pesquisas e das entidades que prestam assistência à esse tipo de problema, é que a maioria das vítimas de abuso pelo(a) companheiro(a) não procura assistência policial, jurídica, psicológica ou médica.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Amor Patológico

Embora se reconheça absolutamente a existência do Amor Patológico, sua caracterização clínica é ainda um pouco imprecisa. Havendo associação do Amor Patológico com algum transtorno psiquiátrico, a gravidade e manutenção deste alimentaria esses relacionamentos tensos e conturbados.

Alguns autores (Donnellan, 2005) descreveram o quadro de Amor Patológico como fenômeno decorrente de transtornos ansiosos e depressivos incidindo sobre personalidades específicas. Assim, em determinadas personalidades, diante de um eventual estado de estresse prolongado haveria exagerada liberação adrenérgica, predispondo a pessoa a extrema ansiedade, angústia, insegurança (entre outros fenômenos mais patológicos) favorecendo o surgimento do Amor Patológico.

Como acontece com o dependente químico, que se adere à "droga de escolha" para alívio da angústia, ansiedade, inibição psíquica, busca do prazer, o portador de Amor Patológico acredita que conseguirá tudo isso através do lenitivo proporcionado pelo “parceiro de escolha” (Eglacy, 2006).

No início do sentimento amoroso, ocorre sempre uma agradável sensação de bem estar. Mesmo que a pessoa tenha depressão, a paixão exerce um efeito estimulante capaz de proporcionar alívio da angústia e dos sintomas depressivos. Esse bem estar inicial decorre da liberação de adrenalina desencadeada pela sensação amorosa (Simon, 1982).

Ainda segundo Simon, um estudo realizado na década de 80 no New York State Psychiatric Institute constatou que o amor excessivo pode provocar no Sistema Nervoso Central um estado de euforia similar ao induzido por uso de anfetamina. Segundo esse estudo, o amor produziria uma substância intoxicante: a feniletilamina. Isso explicaria, de certa forma, o forte desejo por chocolate - que contém feniletilamina - entre os portadores de Amor Patológico, quando na ausência do companheiro.

Por essa teoria, seria a privação do objeto amado e não o amor, propriamente dito, a causa dos sintomas desagradáveis do Amor Patológico, pois, o parceiro amado traria sensação de bem estar e alívio da angústia.

E de fato, parece não ser mesmo o sentimento de amor o causador dos malefícios do Amor Patológico, mas sim o medo da pessoa ficar só, o temor de vir a ser abandonada, de não ser valorizada. Isso tudo é que origina a falta de liberdade em relação às próprias condutas, o grande desconforto emocional e submissão obsessiva da pessoa portadora de Amor Patológico.

Portanto, em termos psicológicos parece que o “defeito” da patologia do amor não é o amor em si, propriamente dito, aquele amor “da atenção, carinho, zelo e cuidados em relação à pessoa amada”, citado acima. O Amor Patológico, por sua vez, parece ser descendente direto do medo, do medo egoísta de ficar só, do medo de alguém mais merecedor conquistar a pessoa amada, medo de não ter seu valor reconhecido como gostaria, de não estar recebendo o amor que acha merecido, de vir a ser abandonado (Moss, 1995). Seria, portanto, muito mais um defeito do caráter de quem “acha” que ama demais, do que do sentimento amor.

De modo geral, o aspecto central no Amor Patológico é o comportamento repetitivo e sem controle de prestar cuidados e atenção (desmedidos ou não) ao objeto amado com a intenção de receber o seu afeto e evitar a perda. Para o diagnóstico é importante que essa atitude “zelosa” excessiva seja mantida mesmo diante de evidências concretas de que está sendo prejudicial para alguém.

Na realidade, parece que a alteração principal é no Ego do próprio paciente (invariavelmente inflado), que experimenta um pavor de sofrer a perda da pessoa amada, um medo gigantesco de não ser correspondido, um sentimento apavorante de ser traído, enfim, parece que a própria pessoa amada é apenas coadjuvante no relacionamento.

Classificação do Amor PatológicoAlgumas pesquisas (Bogerts, 2005 – Tarumi, 2004) vêm sabiamente situando o Amor Patológico dentro do espectro dos comportamentos obsessivo-compulsivos, em relação ao parceiro. O componente central na sintomatologia do Amor Patológico é o comportamento caracteristicamente repetitivo e sem controle, obsessivamente dirigido à prestação de cuidados e atenção sufocante à pessoa amada. Há sinais da carência de críticas sobre o comportamento obcecado, notadamente quando essa atitude excessiva é mantida mesmo depois das concretas evidências de estar sendo prejudicial para a sua própria vida, da pessoa amada e/ou para seus familiares.

É interessante que alguns critérios de diagnóstico para o Amor Patológico se assemelhem aos critérios empregados para o diagnóstico da Dependência ao Álcool e outras drogas, conforme o DSM.IV (American PsychiAtric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th ed. Washington, DC, American Psychiatric Association; 1994).

Segundo esse DSM.IV, são sete os critérios para esse diagnóstico, sendo três deles obrigatórios.
Sophia, Tavares e Zilberman comparam os critérios para diagnóstico de dependência química com as características normalmente apresentadas pelos portadores de Amor Patológico, e constatam que pelo menos seis deles são comuns às duas patologias:

1) Sinais e sintomas de abstinência -quando o parceiro está distante (física ou emocionalmente) ou perante ameaça de abandono, podem ocorrer: insônia, taquicardia, tensão muscular, alternando períodos de letargia e intensa atividade.

2) O ato de cuidar do parceiro ocorre em maior quantidade do que o indivíduo gostaria -o indivíduo costuma se queixar de manifestar atenção ao parceiro com maior freqüência ou período mais longo do que pretendia de início.

3) Atitudes para reduzir ou controlar o comportamento patológico são mal-sucedidas -em geral, já ocorreram tentativas frustradas de diminuir ou interromper a atenção despendida ao companheiro.

4) É despendido muito tempo para controlar as atividades do parceiro -a maior parte da energia e do tempo do indivíduo são gastos com atitudes e pensamentos para manter o parceiro sob controle.

5) Abandono de interesses e atividades antes valorizadas - como o indivíduo passa a viver em função dos interesses do parceiro, as atividades propiciadoras da realização pessoal e profissional são deixadas, como cuidado com filhos, atividades profissionais, convívio com colegas. entre outras.

6) 0 Amor Patológico é mantido, apesar dos problemas pessoais e familiares -mesmo consciente dos danos advindos desse comportamento para sua qualidade de vida, persiste a queixa de não conseguir controlar tal conduta.

domingo, 10 de junho de 2007

Quando a Teologia separou a Sexualidade e a Religião

Para entendermos melhor as idéias de separação, escolhemos alguns dos Padres da Igreja para representar toda uma forma de pensar e de agir, que no futuro iriam legitimar determinadas posturas dualísticas entre Sexualidade e Religião.

Justino (100-165), foi um filósofo e mártir do início do cristianismo, e sua doutrina foi uma das primeiras a tentar harmonizar as idéias de fé cristã, incluindo os posicionamentos relacionados à sexualidade, com a filosofia grega. De origem pagã, e posteriormente convertido ao cristianismo, defende as idéias de que o casamento tinha objetivo único da procriação. Em sua teologia, valorizou os ideais da castidade (Larousse, 1988). Justino apud Rosa (2003) escrevem que “desde o princípio, ou nos casamos, com uma única finalidade de ter filhos, ou renunciamos ao casamento e permanecemos na mais absoluta continência” (p.102). Segundo o autor, Justino também assimila a posição radical de rejeição aos prazeres da carne, através do rito de dedicação e consagração a Deus: a castração, deixando claro sua posição separatista no que diz respeito, à sexualidade e espiritualidade.


Rosa (op.cit.) comenta outros teólogos e refere: Orígenes, escritor grego cristão que viveu entre 185 a 254 dc, identifica os mesmos passos de separação entre espiritualidade e sexualidade. Em busca da perfeição cristã este radicalizou castrando-se aos 18 anos. Justificava seu ato pela aplicação literal da passagem de Mateus 19:12, “Porque há os eunucos que o são desde o ventre de suas mães; e há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens, e há eunucos que a si mesmo se fizeram eunucos por amor do reino dos céus.” Mais tarde chegou admitir a radicalidade de seu ato, mas não abriu mão de ver o celibato como um caminho mais elevado aos olhos de Deus.


Percebe-se a influência gnóstica no que diz respeito ao desprezo pelo corpo. Rosa (op.cit.) faz o seguinte comentário:


“Seguindo ainda alguns tabus pagãos vindo do helenismo, na visão de Orígenes o culto e o coito eram realidades absolutamente opostas. Por exemplo, ele alertava insistentemente a que os casais não fizessem oração no seu leito conjugal, pois a oração feita ali perdia a sua eficácia. Era ainda dentro desta perspectiva que ele cria que a eucaristia seria manchada se o ato do partir o pão acontecesse no dia seguinte ao ato sexual”( p. 112).

Estas idéias foram confirmadas séculos depois pelo Concílio de Trento (séc XVI) estabelecendo que a abstinência sexual, deveria ser observada pelo menos três noites antes da eucaristia, para que assim fosse preservada, toda contaminação deste sacramento. “A dignidade do grande Sacramento exige que pessoas casadas se abstenham de seu dever conjugal alguns dias antes da Comunhão”.(MacHug and Callan apud Rosa, 2003, p.114)


Sobre Ambrósio, destaca que foi um dos mais celebrados padres da igreja cristã, elevando-se a condição de bispo. Partidário do mesmo pensamento de seus antecessores defendeu ferrenhamente a castidade como ideal de santidade e virtude. Baseou suas argumentações exaltando a castidade na virgindade perpétua da Santa Virgem Maria (Neumann apud Rosa, op.cit, p.115).


Segundo Araújo (1997), sem dúvida o teólogo que mais influenciou o cristianismo foi Agostinho, que viveu entre os anos 354 e 430. Suas contribuições influenciaram a formação moral do Ocidente. Em sua época o cristianismo ganhou força porque estava vinculado também ao plano político e social. Tal combinação fora promovida pelo Imperador Constantino, no final do século III, vendo na solidez da igreja, o meio de unificar o império.


Argumentos mais elaborados e polêmicos sobre Religiosidade e Sexualidade redundam na consolidação e sistematização da visão separatista entre ambos. Promove-se a exaltação da virtude contrapondo-a ao vício, e ligado a este último está o sexo. Agostinho defendeu o sexo sem prazer somente para a procriação. A prática sexual só por prazer era considerada pecado. Oscila em reconhecer o ato conjugal como legítimo e ao mesmo tempo como a ocasião onde ocorre a transmissão do pecado original. (Kosnic, 1982) Postulou também que não deveria haver paixão entre os cônjuges, pois assim ficaria mais fácil abdicar do sexo em função da família. Agostinho elabora argumentos teóricos relacionando sexo e pecado original. Segundo Heinemann (1995), nesta perspectiva mais crítica, o problema de Agostinho com a sexualidade começa por ter ele baseado a essência do seu conceito de sexualidade humana, sobre a queda de Adão e Eva. Na visão agostiniana, segundo afirmam seus críticos, o pecado de Adão e Eva trouxe terríveis conseqüências para a sexualidade.


Rosa (2003) declara que Agostinho ensinava que quando Adão e Eva pecaram, cobriram a genitália como sinal de vergonha. Daí ele deduz que o primeiro casal cobriu suas respectivas genitálias por acontecer através delas a transmissão do pecado original. Daí para a condenação do ato sexual como fator transmissor deste pecado foi um salto previsível. No encontro de dois corpos e pela penetração através do contato genital, Agostinho encontrou a explicação para a maneira pela qual o pecado original nos foi transmitido. Assim, para Agostinho “a relação sexual ou mais precisamente o prazer sexual, é o que transmite o pecado original continuamente de geração em geração.” (Heinemann,1995, p.90)


Nesta perspectiva, o processo de encarnação e redenção de Jesus, é visto também na ótica da sexualidade. Jesus veio ao mundo através de uma santa e milagrosa exceção, que fez do ventre de Maria, um habitat sagrado não contaminado pelo sêmen dos descendentes de Adão. Por isso, Jesus também é o redentor da nossa humanidade, pois estaria livre em seu Ser, de ter sido contaminado pelo pecado original, desde que este, é transmitido pelo ato sexual, do qual Maria não participou.


Segundo Rosa (op.cit.), antes do Pecado Original, o sexo era praticado sem excitação sexual como entendemos hoje. Era totalmente controlado pela vontade racional do homem. Assim como hoje controlamos as nossas mãos e pés, fazendo deles servos da nossa vontade, assim no Édem, os órgãos sexuais eram controlados da mesma maneira. Com a mudança do estado original, veio o desejo pelo prazer e este desejo minou o controle da vontade racional sobre seus órgãos. Entregue ao desejo, o ser humano e seus descendentes perdem a capacidade de controlar o pênis, que agora já não responde a ordem da mente, pois escuta também a voz do desejo e do prazer. Como um asno que não responde às ordens do seu comandante e treinador, os órgãos sexuais, já não mais respondem às ordens vindas do controle racional. Adão recebe em si mesmo a punição pela desobediência a Deus, vendo em sua própria carne, uma parábola da sua rebelião contra Deus. A ereção do seu órgão genital motivada pelo desejo de alcançar o prazer sexual torna-se uma metáfora da sua própria trajetória diante de Deus, uma metáfora da sua própria condição de desobediente diante do criador. Tal percepção imprime uma marca pecaminosa no corpo quando este responde ao desejo, à busca pelo prazer. Traz um terrível desconforto ao ser humano, pois o processo natural de movimento da sua genitália, é um testemunho de denúncia da sua condição de caído diante de Deus.


Mais tarde São Tomás, sem nenhuma pretensão de rever a posição de Agostinho afirmará que “o homem torna-se bestial na cópula, porque não pode moderar com a razão o prazer do coito e a força da concupiscência”. (Benetti, 1998 p.297)


A partir desses relatos podemos perceber a origem de diversos problemas que católicos e protestantes enfrentam com a vivência de sua Sexualidade. Necessitamos de uma revisão crítica com relação ao que se FALA ou que se CALA nas igrejas sobre o sexo, inclusive com relação às práticas sexuais. Se existe alguém interessado em que possamos aproveitar nossa sexualidade EM TODA A PLENITUDE certamente é o nosso Pai, que nos criou como seres sexuais.

Este artigo faz parte da Dissertação de Mestrado em Sexologia defendida pelo autor em 2005.

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA (todas as citações se encontram em):
NASCIMENTO, Virgilio Gomes. Norma e transgressão da sexualidade: uma pesquisa acerca dos transtornos sexuais femininos e conflitos entre atitudes e comportamento sexual num grupo de mulheres evangélicas do Grande Rio de Janeiro Rio de Janeiro: Mestrado em Sexologia da Universidade Gama filho, 2005. Dissertação de Mestrado (183 p.)