quarta-feira, 20 de junho de 2007

Amor Patológico

Embora se reconheça absolutamente a existência do Amor Patológico, sua caracterização clínica é ainda um pouco imprecisa. Havendo associação do Amor Patológico com algum transtorno psiquiátrico, a gravidade e manutenção deste alimentaria esses relacionamentos tensos e conturbados.

Alguns autores (Donnellan, 2005) descreveram o quadro de Amor Patológico como fenômeno decorrente de transtornos ansiosos e depressivos incidindo sobre personalidades específicas. Assim, em determinadas personalidades, diante de um eventual estado de estresse prolongado haveria exagerada liberação adrenérgica, predispondo a pessoa a extrema ansiedade, angústia, insegurança (entre outros fenômenos mais patológicos) favorecendo o surgimento do Amor Patológico.

Como acontece com o dependente químico, que se adere à "droga de escolha" para alívio da angústia, ansiedade, inibição psíquica, busca do prazer, o portador de Amor Patológico acredita que conseguirá tudo isso através do lenitivo proporcionado pelo “parceiro de escolha” (Eglacy, 2006).

No início do sentimento amoroso, ocorre sempre uma agradável sensação de bem estar. Mesmo que a pessoa tenha depressão, a paixão exerce um efeito estimulante capaz de proporcionar alívio da angústia e dos sintomas depressivos. Esse bem estar inicial decorre da liberação de adrenalina desencadeada pela sensação amorosa (Simon, 1982).

Ainda segundo Simon, um estudo realizado na década de 80 no New York State Psychiatric Institute constatou que o amor excessivo pode provocar no Sistema Nervoso Central um estado de euforia similar ao induzido por uso de anfetamina. Segundo esse estudo, o amor produziria uma substância intoxicante: a feniletilamina. Isso explicaria, de certa forma, o forte desejo por chocolate - que contém feniletilamina - entre os portadores de Amor Patológico, quando na ausência do companheiro.

Por essa teoria, seria a privação do objeto amado e não o amor, propriamente dito, a causa dos sintomas desagradáveis do Amor Patológico, pois, o parceiro amado traria sensação de bem estar e alívio da angústia.

E de fato, parece não ser mesmo o sentimento de amor o causador dos malefícios do Amor Patológico, mas sim o medo da pessoa ficar só, o temor de vir a ser abandonada, de não ser valorizada. Isso tudo é que origina a falta de liberdade em relação às próprias condutas, o grande desconforto emocional e submissão obsessiva da pessoa portadora de Amor Patológico.

Portanto, em termos psicológicos parece que o “defeito” da patologia do amor não é o amor em si, propriamente dito, aquele amor “da atenção, carinho, zelo e cuidados em relação à pessoa amada”, citado acima. O Amor Patológico, por sua vez, parece ser descendente direto do medo, do medo egoísta de ficar só, do medo de alguém mais merecedor conquistar a pessoa amada, medo de não ter seu valor reconhecido como gostaria, de não estar recebendo o amor que acha merecido, de vir a ser abandonado (Moss, 1995). Seria, portanto, muito mais um defeito do caráter de quem “acha” que ama demais, do que do sentimento amor.

De modo geral, o aspecto central no Amor Patológico é o comportamento repetitivo e sem controle de prestar cuidados e atenção (desmedidos ou não) ao objeto amado com a intenção de receber o seu afeto e evitar a perda. Para o diagnóstico é importante que essa atitude “zelosa” excessiva seja mantida mesmo diante de evidências concretas de que está sendo prejudicial para alguém.

Na realidade, parece que a alteração principal é no Ego do próprio paciente (invariavelmente inflado), que experimenta um pavor de sofrer a perda da pessoa amada, um medo gigantesco de não ser correspondido, um sentimento apavorante de ser traído, enfim, parece que a própria pessoa amada é apenas coadjuvante no relacionamento.

Classificação do Amor PatológicoAlgumas pesquisas (Bogerts, 2005 – Tarumi, 2004) vêm sabiamente situando o Amor Patológico dentro do espectro dos comportamentos obsessivo-compulsivos, em relação ao parceiro. O componente central na sintomatologia do Amor Patológico é o comportamento caracteristicamente repetitivo e sem controle, obsessivamente dirigido à prestação de cuidados e atenção sufocante à pessoa amada. Há sinais da carência de críticas sobre o comportamento obcecado, notadamente quando essa atitude excessiva é mantida mesmo depois das concretas evidências de estar sendo prejudicial para a sua própria vida, da pessoa amada e/ou para seus familiares.

É interessante que alguns critérios de diagnóstico para o Amor Patológico se assemelhem aos critérios empregados para o diagnóstico da Dependência ao Álcool e outras drogas, conforme o DSM.IV (American PsychiAtric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th ed. Washington, DC, American Psychiatric Association; 1994).

Segundo esse DSM.IV, são sete os critérios para esse diagnóstico, sendo três deles obrigatórios.
Sophia, Tavares e Zilberman comparam os critérios para diagnóstico de dependência química com as características normalmente apresentadas pelos portadores de Amor Patológico, e constatam que pelo menos seis deles são comuns às duas patologias:

1) Sinais e sintomas de abstinência -quando o parceiro está distante (física ou emocionalmente) ou perante ameaça de abandono, podem ocorrer: insônia, taquicardia, tensão muscular, alternando períodos de letargia e intensa atividade.

2) O ato de cuidar do parceiro ocorre em maior quantidade do que o indivíduo gostaria -o indivíduo costuma se queixar de manifestar atenção ao parceiro com maior freqüência ou período mais longo do que pretendia de início.

3) Atitudes para reduzir ou controlar o comportamento patológico são mal-sucedidas -em geral, já ocorreram tentativas frustradas de diminuir ou interromper a atenção despendida ao companheiro.

4) É despendido muito tempo para controlar as atividades do parceiro -a maior parte da energia e do tempo do indivíduo são gastos com atitudes e pensamentos para manter o parceiro sob controle.

5) Abandono de interesses e atividades antes valorizadas - como o indivíduo passa a viver em função dos interesses do parceiro, as atividades propiciadoras da realização pessoal e profissional são deixadas, como cuidado com filhos, atividades profissionais, convívio com colegas. entre outras.

6) 0 Amor Patológico é mantido, apesar dos problemas pessoais e familiares -mesmo consciente dos danos advindos desse comportamento para sua qualidade de vida, persiste a queixa de não conseguir controlar tal conduta.

15 comentários:

Anônimo disse...

É incrível como essa descrição tem tudo a ver com o que está acontecendo comigo. Me perguntava várias vezes o que esta acontecendo comigo, porque estou agindo assim? e lendo seu artigo parece que foi feito pra mim, gostaria que falasse mais sobre o assunto.

Anônimo disse...

A sua visão me coloca como coadjuvante X protagonista no meu relacionamento que findara por este mal fadado motivo. Com permissão da palavra!!! Me sentia como parasitando a minha namorada...favor reapresentar estge assunto, talvez com este gancho de assunto possa permear mais panos para a manga.
DEUS te abençoe por apresentares com tanto embasamento e argumentos dosados com imparcialidade.
Abraços deste teu irmão em Cristo.

PS: FREDERICH é o mesmo que comentara sobre a outra matéria sobre o:"Abuso Psicológico nas Relações Amorosas"

Anônimo disse...

Nossa é realmente incrível essa descrição apenas uma citação não teve relação com minha vida preciso que orem por mim, e falem mais sobre esse assunto por favor!
Eu sinto um medo constante de perder minha namorada por isso não consigo ser eu, e não consigo fazer minhas atividades normalmente quando estou brigado com ela!

Anônimo disse...

Depois que comecei a ler o texto, descobri que tem tudo a ver comigo.
Tudo que eu passei e sentia em relação à pessoa amada - parecia uma doença sem fim.
Hoje em dia, não me relaciono mais com essa pessoa mas,ainda levo comigo os resquícios desse amor doentio. não sei quando vou me recuperar disso. É horrível, é um mixto de sofrimento e depressão...

Anônimo disse...

Infelizmente eu sofri muito na minha infancia, com abusos sexuais dentro de casa( meu pai era o agressor). Isso ocorreu desde criança até desessete anos.Sofri tudo de ruim que alguém possa imaginar. Agora já tenho uma certa idade,estou casada a algum tempo mas acabo de descobrir, ao ler o artigo,que além de tantos problemas, sofro também desse mal(amor patológico"). Queria muito encontrar a saída para isto e para muitos outros problemas em relação à minha vida. Este blog me ajuda muito, sempre leio os artigos aqui. Peço que ore por mim,minha vida é muito conturbada. Passo por momentos dificeis demais.

Anônimo disse...

eu estou com problemas serios no meu namoro de tres anos tenho um filho de outro namoro e nesse acho que tudo ja acabou antes era ele que nao queria agora sou eu eu tinha muitos ciumes agora nem isso antes eu o queria agora nao o quero nao temos mais relacoes sexuais como antes e sao poucas eu tenho 29 e ele 21 anos quero terminar e ele nao quer nao sei o que faço nao gosto mais dele e nao tenho coragem de dizer isso a ele pois ja fiz isso com o pai do meu filho e hoje nao faria denovo esse meu namorado atual pareçe que esta se vingando de mim mas o desprezo é muito grande mesmo dentro da minha casa ele é falso e nem me deseja mais faço de tudo pra ele e nao ganho nada em troca nada eu nao me vejo morando com ninguem e nao encontrei ninguem legal ele é muito frio acho que era so atração porque depois que ele perdeu o desejo por mim eu nao gosto mais dele

Anônimo disse...

eu estou com problemas serios no meu namoro de tres anos tenho um filho de outro namoro e nesse acho que tudo ja acabou antes era ele que nao queria agora sou eu eu tinha muitos ciumes agora nem isso antes eu o queria agora nao o quero nao temos mais relacoes sexuais como antes e sao poucas eu tenho 29 e ele 21 anos quero terminar e ele nao quer nao sei o que faço nao gosto mais dele e nao tenho coragem de dizer isso a ele pois ja fiz isso com o pai do meu filho e hoje nao faria denovo esse meu namorado atual pareçe que esta se vingando de mim mas o desprezo é muito grande mesmo dentro da minha casa ele é falso e nem me deseja mais faço de tudo pra ele e nao ganho nada em troca nada eu nao me vejo morando com ninguem e nao encontrei ninguem legal ele é muito frio acho que era so atração porque depois que ele perdeu o desejo por mim eu nao gosto mais dele

Anônimo disse...

Virgilio..

Anônimo disse...

Virgilio...
incrivel seu artigo.. na verdade meu comportamento nesse sentido deriva do relacionamento conturbado do meu pai, q projeto em todos os homens c os quais me relaciono... e sempre estrago qq relacionamento...
nao sei como posso controlar o q sinto.. me ajude, por favor! obrigada!

Anônimo disse...

Eu nem acredito,que essa materia tem tudo haver com o meu relacionamento,procurava uma resposta e ler essa materia me dar a certeza que meu marido esta doente e precisa de um tratamento,infelizmente o casamento acabou,e o pior que alem de ter um amor patoligico , ele tb tem o problema de um disturbio compulsivo.aguentei por muitos e muitos anos so que agora eu dei um ponto final nessa historia,eu so acho que as pessoas em primeiro lugar precisam se amar que so assim fara o parceiro ou a parceira feliz,mas vai colocar isso na cabeca dos Homens.gostaria de saber se existe tratamento.

Anônimo disse...

rose desabafa
meu Deus nunca pensei que sofria deste mal de amor,este relato vem de encontro de como sou com meu marido ,eu ate então achava que meu amor por ele era tão grande que tinha que cuidar 24 horas por dia com medo de perde-lo,mas vejo agora que estou doente,as vezes penso em separação para ver se me livro desta obcessão,só assim acredito que vou conseguir ter paz.Por favor me de alguma sugestão de como devo proceder,qual a melhor caminho para ser feliz e desfrutar de um amor saudável.
28 de novembro de 2008

Anônimo disse...

O Amor patologico tem cura?

Anônimo disse...

Pela descrição no artigo, acho que estou sofrendo deste mau tambem mas por um garoto que eu considero meu filho,tento fazer de tudo por ele, roupas, calçados, carinho,atenção.Ele morou comigo por uns tempos mas agora não mora mais e não o vejo, mas passo o dia todo pensando nele e até mesmo a noite perco o sono pensando nele, estou até mesmo com depressão por este motivo. Isto é possivel amor patológico por alguem q a gente considera como filho? como e onde devo me tratar?Desde Já agradeço pela atenção!!

Unknown disse...

Pela descrição no artigo, acho que estou sofrendo deste mau tambem mas por um garoto que eu considero meu filho,tento fazer de tudo por ele, roupas, calçados, carinho,atenção.Ele morou comigo por uns tempos mas agora não mora mais e não o vejo, mas passo o dia todo pensando nele e até mesmo a noite perco o sono pensando nele, estou até mesmo com depressão por este motivo. Isto é possivel amor patológico por alguem q a gente considera como filho? como e onde devo me tratar?Desde Já agradeço pela atenção!!

Anônimo disse...

Depois de vários relacionamentos fracassados, percebi que os fracassos estavam nas minhas escolhas. Todos os homens com os quais me relacionei tinham o mesmo perfil psicológico, ou seja, apresentavam transtornos familiares, psicológicos ou sociais. E eu, assumia o papel de salvadora. Com isso assumia a vida do outro e anulava minha. Pensando nisso, após muito tempo analisando o MEU comportamento terminei meu relacionamento. Notei tb que sempre atraio ou sou atraída por homens com esse tipo de perfil psicológico. Minha preocupação agora é como mudar minha visão de ver o amor. Quero mudar para, no futuro, conhecer o amor sadio. Mas para isso preciso me curar. Por onde começar a mudança? É possível?