sábado, 17 de agosto de 2013
Porque os gays querem se casar na igreja?
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
DESEMPREGO E PERDA DE LIBIDO
Uma pesquisa inédita do Hospital das Clínicas de São Paulo concluiu que, entre os homens desempregados, o risco de falhar na hora H é 83% maior que entre aqueles que mantêm a carteira de trabalho assinada.
O levantamento ouviu 2.835 pessoas maiores de 18 anos em dez cidades brasileiras, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Outra surpresa da pesquisa é que, no caso das mulheres, o desejo sexual tem 66% mais probabilidade de desaparecer quando elas são demitidas.
"O emprego acaba funcionando como uma proteção contra os problemas sexuais", diz a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade, responsável pelo estudo. O mecanismo é fácil de entender. Os que estão sem trabalho têm uma tendência maior à depressão e à redução da libido.
O mesmo levantamento mostrou que a depressão aumenta em 93% o risco de o homem ter disfunção erétil. Ou seja, nem todos os desempregados sofrem de depressão, mas, quando ela ataca, dobra o risco da frustração na cama. A questão torna-se potencialmente explosiva quando se leva em consideração que um dos principais problemas brasileiros hoje é a falta de postos de trabalho.
A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, registrou 19% em fevereiro o maior índice desde maio do ano passado, segundo anunciou na terça-feira passada o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Nunca se buscou tanto uma solução para problemas relacionados à ausência de desejo como hoje.
A falta de uma vida sexual normal é um problema incômodo. De acordo com os números do Projeto Sexualidade, quase 35% das brasileiras se queixaram de perda de apetite sexual no levantamento. Entre os homens, 15% sofrem de disfunção erétil em grau moderado ou total. Estudos recentes mostram que na Itália esse índice sobe para 17%, enquanto no Japão a taxa é de 34%.
Nos Estados Unidos, 30 milhões de americanos apresentam algum tipo de dificuldade de ereção. Entre as causas físicas que podem comprometer o desempenho sexual estão o diabetes, infecções urinárias e doenças do coração. A chamada impotência psicológica é apenas uma parte do problema.
O grave é que algumas pessoas se negam a relacionar de imediato o baixo desempenho sexual com o desemprego. "Eu não conseguia ter relações, não sentia mais prazer. Também não queria aceitar que o problema tinha fundo psicológico", lembra o microempresário paulista S., de 51 anos. "Foi um período horrível, em que meu casamento quase acabou." O bom desempenho voltou somente depois de buscar ajuda médica e de, claro, ter novamente uma ocupação na sociedade". fonte Veja de 02/04/03
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
AVERSÃO SEXUAL
Aversão persistente ao sexo; asco e repugnância extrema diante das relações sexuais. Este é um problema que pode afetar tanto homens quanto mulheres. A aversão ao contato sexual pode chegar a se constituir numa fobia, quer dizer, um medo irracional que leva a pessoa a evitar ou a fugir de qualquer situação erótica para não cair em um estado de ansiedade que pode ser acompanhada por tremor, suor intenso, palpitações, falta de ar ou até mesmo em um estado psicológico próprio de uma pessoa aterrorizada, durante o qual é evidentemente impossível o prazer ainda que, em algumas situações, se consiga vencer o estado de pânico inicial, e se comportar com certa naturalidade durante a relação sexual.
As causas podem ser de diversos tipos, entre eles: episódios anteriores de violência sexual e/ou experiências sexuais traumáticas; situações de conflitos conjugais graves; (por exemplo: quando existe uma terceira pessoa) uma educação restritiva e/ou que transmite idéias errôneas ou sobrevalorizadas a respeito da sexualidade (ex: dor, imoralidade, perigo de ficar doente etc.). Em alguns casos se torna difícil identificar de forma clara qualquer dessas causas citadas acima, e a manifestação desta aversão podem até criar uma grande confusão no (a) companheiro (a), que pode não compreender a situação sentindo-se rechaçado, chegando, em ocasiões, a pedir a separação. Da mesma forma que em todas as disfunções sexuais, ambos os membros do casal se vêm afetados, porém o distúrbio sexual que resulta é mais difícil de compreender e compromete seriamente a relação do casal. (Lilian Aldeia)
Características Diagnósticas
A característica essencial do Transtorno de Aversão Sexual é a aversão e esquiva ativa do contato sexual genital com um parceiro sexual (Critério A). A perturbação deve causar acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal (Critério B). A disfunção não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo I (exceto outra Disfunção Sexual) (Critério C).
O indivíduo relata ansiedade, medo ou repulsa ao se defrontar com uma oportunidade sexual com um parceiro. A aversão ao contato genital pode concentrar-se em um determinado aspecto da experiência sexual (por ex., secreções genitais, penetração vaginal).
Alguns indivíduos experimentam repulsa generalizada a quaisquer estímulos sexuais, inclusive beijos e toques. A intensidade da reação do indivíduo quando exposto aos estímulos aversivos pode variar desde uma ansiedade moderada e falta de prazer, até um extremo sofrimento psicológico.
Subtipos
Os subtipos são oferecidos para indicar início (Ao Longo da Vida versus Adquirido), contexto (Generalizado versus Situacional) e fatores etiológicos (Devido a Fatores Psicológicos, Devido a Fatores Combinados), para o Transtorno de Aversão Sexual
Características e Transtornos Associados
Ao se defrontarem com uma situação sexual, alguns indivíduos com Transtorno de Aversão Sexual severo podem experimentar Ataques de Pânico, com extrema ansiedade, sensações de terror, desmaio, náusea, palpitações, tonturas e dificuldades respiratórias. Pode haver um acentuado prejuízo nas relações interpessoais (por ex., insatisfação conjugal).
Os indivíduos podem evitar situações sexuais ou parceiros sexuais em potencial mediante estratégias veladas (por ex., dormir cedo, viajar, negligenciar a aparência pessoal, usar substâncias ou envolver-se com atividades de trabalho, sociais ou familiares).
Diagnóstico Diferencial
O Transtorno de Aversão Sexual também pode ocorrer junto com outras Disfunções Sexuais (por ex., Dispareunia). Neste caso, devem ser anotadas ambas as condições. Um diagnóstico adicional de Transtorno de Aversão Sexual geralmente não é feito se a aversão sexual é melhor explicada por outro transtorno do Eixo I (por ex., Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Transtorno de Estresse Pós-Traumático).
O diagnóstico adicional pode ser feito quando a aversão precede o transtorno do Eixo I ou é um foco de atenção clínica independente. Embora a aversão sexual possa satisfazer, tecnicamente, os critérios para Fobia Específica, este diagnóstico adicional não é dado. Uma aversão sexual ocasional que não é persistente ou recorrente ou não se acompanha de acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal não é considerada um Transtorno de Aversão Sexual.
Critérios Diagnósticos para F52.10 - 302.79 Transtorno de Aversão Sexual
A. Extrema aversão ou esquiva persistente ou recorrente de todo (ou quase todo) contato sexual genital com um parceiro sexual.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A disfunção sexual não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo I (exceto outra Disfunção Sexual).
Especificar tipo:
1. Tipo Ao Longo da Vida
2. Tipo Adquirido
Especificar tipo:
3. Tipo Generalizado
4. Tipo Situacional
Especificar:
Devido a Fatores Psicológicos
Devido a Fatores Combinados
A pessoa que sofre este tipo de transtorno além da ajuda médica especializada, necessariamente deverá tratar-se com psicólogo para que as barreiras emocionais e psíquicas sejam resolvidas.
domingo, 23 de janeiro de 2011
O prazer psicológico de comprar
Encontrar uma pechincha ou esbarrar com uma liquidação na hora das compras proporciona um alto grau de excitação emocional.
A felicidade nessas circunstâncias é tão intensa que se ativa a mesma região do cérebro estimulada pelo sexo, aponta uma pesquisa da Universidade de Westminster, no Reino Unido, publicada na revista especializada em consumo "The Grocer".
Os pesquisadores britânicos chegaram a conclusão da relação entre compras e satisfação após registrar e medir a atividade cerebral de 50 voluntários divididos em diferentes grupos e propôs diferentes atividades, desde fazer compras até assistir a um filme erótico.
Para a investigação, os pesquisadores tiveram a ajuda de uma equipe de acompanhamento para medir a dilatação da pupila e o movimento dos olhos, num sistema denominado iMotion que avalia as respostas emocionais do corpo humano em uma escala de 1 a 10, e com o qual o tipo de emoção que se sente ao observar imagens eróticas recebe uma pontuação de entre 5 e 7.
Os voluntários que ganharam um audiobook geraram uma pontuação de 5,8, enquanto aqueles que passaram por uma liquidação ou uma oferta, como um simples desconto no leite ou em outro produto do supermercado, também tiveram sensações gratificantes que pontuaram alto na escala do sistema iMotion.
Os especialistas de Westminster concluíram que aqueles participantes que encontraram um cupom ou receberam um brinde ou promocão sentiam tanto entusiasmo como ao ver um filme erótico, já que sua pontuação na escala emocional era idêntica.
O estudo, impulsionado pelo Instituto de Marketing Promocional da Universidade de Westminster, também concluiu que há uma elevada correlação entre a resposta emocional de uma pessoa às promoções comerciais e um aumento das vendas dos produtos.
"A maioria das decisões de compra é tomada nos primeiros dois segundos. Se podemos
captar a atenção das pessoas fazendo com que olhe um produto durante esse breve período, provavelmente vão conquistar o cliente durante mais tempo", afirmou Jon Ward, analista em marketing, ao comentar o estudo de Westminster.
Por Rocio Gaia
segunda-feira, 28 de junho de 2010
COMO SALVAR SEU CASAMENTO...
O casamento. A boda. O matrimônio. O que essas palavras evocam são imagens tocantes e cenas de festa. Uma noiva sorrindo à beira de um lago, radiante em seu vestido branco de cetim que, embora ela não saiba, foi usado pela primeira vez pela rainha Vitória, da Inglaterra, em seu casamento com o príncipe Albert, em 1840. De lá para cá, as noivas no Ocidente vestem branco. E são rainhas por um dia.
Mas o casamento, a boda, o matrimônio – e mesmo a forma laica e informal de compromisso, a coabitação –, não se resume a uma festa. Depois da noite de núpcias, começa, para todos os casais, aquilo que o psiquiatra Alfredo Simonetti, ligado ao Hospital das Clínicas de São Paulo, descreve como “o sofrimento de viver a dois”: uma luta diária contra a natureza humana, que, ao mesmo tempo que atrai as pessoas para a vida conjugal, faz com que elas, rapidamente, se desapontem com as dificuldades do cotidiano a dois.
As estatísticas brasileiras são eloquentes a respeito tanto do fascínio quanto das agruras do casamento. Cerca de 1 milhão de pessoas se casam todos os anos no Brasil – e pouco mais de 250 mil se separam no mesmo período. Logo, de cada quatro casamentos, um termina em separação. Embora a estatística seja adversa, o risco não é suficiente para fazer as pessoas deixar de casar. Os números do IBGE mostram que a quantidade de uniões por 100 mil brasileiros aumenta um bocadinho a cada ano. Entre 1998 e 2008, o número de casamentos cresceu 34,8%, superando em 13 pontos porcentuais o crescimento vegetativo da população nessa faixa etária. Os divórcios e as separações, no mesmo período de dez anos, cresceram menos, 33%. A diferença é pouca, mínima na verdade, mas sugere que o sonho de casar está mais em alta que a vontade de se separar.
Há várias maneiras de olhar para essas estatísticas de casamento e separação. Uma delas é com otimismo: as pessoas se separam por que estão infelizes, e é bom que a lei facilite o afastamento. Antes de 2002, a separação judicial no Brasil, quando não era consensual, estava condicionada à comprovação de “culpa objetiva e específica” de uma das partes. Hoje em dia, qualquer motivo, mesmo fútil, é suficiente para que o juiz aceite a “impossibilidade de vida comum”. Os juízes entendem que, se uma das partes não quer, basta. Qualquer que seja a razão.
Outra forma de olhar para a mesma estatística é com alarme. Afinal, a cada casamento fracassado corresponde uma dose imensa de sofrimento humano. O divórcio, diz um estudo americano, só perde em termos de estresse para a morte de um cônjuge. É das piores experiências que as pessoas podem ter na vida. Para os filhos, a separação também é dolorosa. Cria períodos de terrível ansiedade. Quando se olha para além da família, a onda de separações tem como consequência social o empobrecimento das pessoas. Mães pobres que criam sozinhas seus filhos, como mostram pesquisas recentes, estão entre os poucos grupos sociais que não conseguiram se beneficiar da elevação geral da renda brasileira dos últimos anos. Parecem estar abaixo da possibilidade de ascensão.
Tudo isso seria mais ou menos irrelevante se homens e mulheres estivessem perfeitamente confortáveis com a ideia de casamentos seriais. Eles seriam intercalados por períodos miseráveis de separação e pelo êxtase da descoberta de uma nova parceira ou parceiro. Não é isso que a pessoas querem. Mesmo nos Estados Unidos, país que tem uma longa tradição de convívio com o divórcio, onde metade das uniões termina em separação (o dobro da taxa brasileira!), as pesquisas sugerem que o sonho da maioria continua sendo um único casamento longo e feliz, que abarque a existência, produza filhos e dê à vida de cada um dos cônjuges uma riqueza de sentido que ela não teria sozinha. As pessoas não se separam por ter superado essa aspiração romântica. Ao contrário, elas se afastam amarguradas por não conseguir atingir esse ideal. Em geral, quem faz isso é a mulher. Nos Estados Unidos, elas são responsáveis por dois terços dos pedidos de separação. No Brasil, essa proporção é ainda maior, 72%. Ao que tudo indica, para essas mulheres o sonho de felicidade no casamento não mudou. A realidade é que tem se revelado mesquinha.
Além do entretenimento de uma boa leitura, há no livro informações e ideias úteis para quem deseja iniciar ou preservar um casamento. A primeira coisa que ele atira pela janela é o romantismo. Casamento não é uma questão de paixão, afirma Gilbert. Bons casamentos não se ancoram numa erupção hormonal que desliga o senso crítico e faz do cérebro apaixonado algo parecido com o cérebro de um dependente químico (como está demonstrado por estudos de imagens de ressonância magnética!). Estatísticas americanas mostram que, quanto mais jovens as pessoas se casam, maior a chance de separação – e isso parece estar ligado à urgência e à instabilidade das paixões juvenis. Só depois dos 25 anos as estatísticas começam a ficar menos dramáticas. Tendo casado pela primeira vez aos 24 anos, depois de uma sequência de paixões avassaladoras, Gilbert parece saber do que está falando. Ela está separada desde 2002, mas ainda paga pensão mensal ao ex-marido, embora ele tenha se casado novamente, seja pai e vá lançar, em setembro, seu próprio livro de memórias, do qual se esperam grandes doses de veneno contra a ex-mulher e mantenedora. Ninguém com esse fardo biográfico é capaz de olhar para o casamento sem justificada má vontade.
Além da divisão das tarefas da casa, parece haver mais coisas a ser aprendidas com os casamentos sólidos – como a decisão de criar espaços exclusivos para o casal, que não incluam os filhos. Todos os especialistas dizem que isso é essencial para manter a chama do desejo e reforçar a sintonia. O comerciante Alexandre Cavalcante, de 36 anos, e a mulher Andréa Cristina, dona de casa, fazem assim: tiram duas semanas de férias por ano, sem as crianças. Eles têm Vanessa, de 16 anos, e Mateus, de 10. Vivem em Natal, no Rio Grande do Norte. “Em janeiro passado, nós dois fizemos um cruzeiro”, diz ele. O sucesso desse casamento é um desafio às estatísticas. A união começou com a gravidez de Andréa aos 18 anos e tinha tudo para acabar rápido. “Todos apostavam que não duraria seis meses”, diz Alexandre. Já dura 16 anos. Andréa, que agora tem 35, atribui isso ao fato de os dois conversarem muito. Ele acha que o essencial é a consciência de estar casado. “Casar é saber que não é só você”, afirma.
Outra ilusão que o livro se empenha em destruir é a completude. Não há um homem ou mulher, diz ela, que seja capaz de preencher a vida de cada um de nós. A pessoa que porá nosso mundo no lugar ou fará com que ele permaneça à deriva somos nós mesmos. O outro é um companheiro de viagem, não um pedaço de nosso corpo ou uma fração de nossa alma. Muito menos um guia. “Eu me recuso a sobrecarregar Felipe com a tremenda responsabilidade de me completar”, ela escreve. “Já lidei o suficiente com minhas falhas para saber que elas pertencem apenas a mim. Mas foi preciso mais de três décadas e meia para chegar a isso.”
Outra obsessão feminina à qual os maridos não costumam dar atenção é a intimidade. Para os homens, essa palavra tem uma conotação quase puramente física, enquanto no universo feminino intimidade significa um milhão de outras coisas. “Um nível profundo e psicológico de comunicação e reciprocidade”, por exemplo. Ou “um jeito de falar sobre si e de ser escutada pelo outro”. Ou, ainda, “um tipo de conversa especial, de entrega singular, de quem fala e de quem escuta”. Essa intimidade de atributos quase metafísicos, diz Mirian, está por trás de inúmeros pedidos de separação no Brasil. “A mulher casada há vários anos diz que não consegue mais ter intimidade com o marido”, afirma ela.
domingo, 4 de abril de 2010
FILHOS DO DIVÓRCIO
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
A OBRIGAÇÃO DE AMAR
Com essa noção, amar deixa de ser uma questão de sentimento e desejo, para ser uma predisposição ou inclinação de agir dando prioridade às necessidades, aos desejos, fraquezas e limitações do outro. Praticando a norma do amor, perde-se o egoísmo e torna-se altruísta. Não exige; dá-se. Porque o amor é uma obrigação voluntária pessoal direccionada ao outro.
Para amar alguém, é preciso uma pessoa amar-se primeiro. Caso contrário, vai ser difícil ter sensibilidade e compreensão suficientes para amar a outra. Se a pessoa não se ama, o máximo que consegue fazer é querer induzir, manipular ou seduzir a outra para satisfazer as suas necessidades. O pior é que confunde isso com amor, enganando-se a si mesma.
Amor próprio Versus Egoísmo
A psicologia e o cristianismo concordam em que a norma do amor é o equilíbrio. Quando se ama o próximo deve-se fazê-lo tanto quanto nos amamos a nós mesmos. Não existe contradição aqui. Quando se leva em conta o que sente, a sua dor ou tristeza, habilita-se para considerar os sentimentos, as dores e tristezas dos outros. Ao compreender as suas próprias fraquezas, ter empatia pelas suas limitações e perdoar os seus próprios fracassos, qualifica-se para compreender a fraqueza, ter empatia e perdoar os outros.
Sempre que se fala em amor-próprio, é comum as pessoas trazerem à mente a ideia do egoísmo, narcisismo ou superioridade. Puro engano. Se pensarmos que o amor é o equilíbrio entre a liberdade e o limite; doação dentro de certos princípios e crescimento envolvido por normas de justiça, podemos compreender que o amor-próprio nos orienta para uma vida de sobriedade e moderação. No amor-próprio não há exageros, extravagâncias ou abusos. Na realidade, é ele que motiva o indivíduo a dominar-se.
Ao fugir do amor-próprio, a pessoa corre o risco de cair no egoísmo que é a distorção de um ego frágil, carente, ferido ou traumatizado. O egoísta não acredita no amor, porque não se ama e duvida que possa ser amado. Acha que, por não ser amado, não vai receber ajuda de ninguém; por isso, tenta apoderar-se de tudo. Nessa ânsia, ele não se preocupa com ninguém e passa por cima de qualquer um.
Dentro da dinâmica do egoísta, podemos observar que ele não usufrui do companheirismo e intimidade conjugal, porque não pode ser transparente nas suas intenções. Não se pode mostrar como é. Nunca é directo e aberto, espontâneo ou autêntico. O egoísta não pode desfrutar de proximidade com o outro, porque não pode ser visto. Reflecte sempre a imagem e não a pessoa. Não pode gozar de reciprocidade, porque não tem nada para dar. Não participa da mutualidade, porque não sabe trocar. Desconhece as vibrações do amor, porque a sua acção é constantemente governada pelo interesse próprio. Nem do sexo ele pode desfrutar, porque só pensa em usufruir.
O egoísta não pode interagir intimamente porque não se consegue entregar para uma relação honesta. Não emite calor, é frio, distante, solitário. Pode até acumular muito, mas é um eterno carente, com um vazio constante. Está sempre insatisfeito, porque sofre até com o que come.
O amor-próprio também não é narcisismo. O narcisista gosta demasiado de si próprio. Tem um ego inflado, pensando que é a coisa mais importante do mundo. Adora a sua própria imagem. Não cresceu para se tornar um adulto nas trocas com o mundo. A sua imagem é o objecto de adoração. Não se cuida no que é essencial, mas gasta a vida no que é artificial, invertendo os valores. Valoriza a banalidade, vulgariza o que é nobre. Falseia a modéstia; finge humildade com um objectivo: promover--se. Não sabe que o ser humano é mais que a imagem; que a pessoa é mais do que a imitação. O seu rosto não muda, porque é uma máscara que não envelhece.
Cinco Elementos
O amor-próprio flui através de cinco elementos básicos: conhecer, respeitar, cuidar, responsabilizar e compreender. Primeiro, é preciso entrar em contacto consigo mesmo através do auto-conhecimento. Nesse caminho vai-se percebendo como um ser separado dos demais. Vai encontrar-se como um indivíduo único. Vai deparar-se consigo como um agente livre para tomar decisões. Vai ter consciência de que as suas acções provocam consequências que podem beneficiar ou prejudicar outros, tanto como a si mesmo. À medida que cresce no auto-conhecimento, vão-se descortinando as experiências mais agradáveis e mais dolorosas. Também percebe que pode ter sofrido traumas que o marcaram. E, quanto mais se familiariza consigo, mais se capacita a se familiarizar com os outros.
No encontro consigo há o risco de não gostar do que descobre. Por isso, precisa de evoluir para o respeito. Respeitar é deixar ser. É não se prejudicar, é tolerar, admitir que o que acaba de descobrir é real. É aceitar-se como é. Se não se respeitar, vai desqualificar-se para lidar com as tarefas da vida como adulto equilibrado, cônjuge responsável, profissional eficiente. Pode até não gostar do que conhece, mas isso não muda nada. É como é. E até para mudar, precisa de se respeitar como é. Quanto mais se respeita, mais apto estará para se relacionar no contexto familiar.
O terceiro elemento do amor é o cuidado, a parte activa e realizadora do amor. “Quem ama, cuida”, costuma dizer-se. Precisa de aprender a cuidar de si. Às vezes é uma aprendizagem demorada, mas é só assim que o indivíduo pode usufruir da felicidade e tornar outra pessoa feliz. Só quando a pessoa aprende a cuidar de si, é que capta o significado de cuidar da outra.
Pelo facto de o cuidado ser uma acção que pode ou não ser praticada, surge a responsabilidade. Isso significa que, para amar, é preciso ter iniciativa, empenho e desempenho em favor do objecto que merece cuidado. Na responsabilidade pelo cuidado da própria pessoa, aprende-se a responsabilidade pelo cuidado da outra.
Finalmente, chegamos à compreensão como o quinto elemento do amor. Aqui entendemos que precisa de exercer compaixão, misericórdia, sintonia com os próprios problemas e fracassos. Descobre que precisa de ter paciência com as suas limitações, tolerância com os seus obstáculos. Se compreende as suas próprias irracionalidades, negligências e imperfeições, qualifica-se para compreender os outros.
O amor para com os outros não pode ser praticado se ainda não o exercitou consigo mesmo. Por isso, a regra do amor para com os outros começa por si.
Belisário Marques, Psicólogo