Nada disso, vale dizer, impede que estejam confusos e divididos sobre temas como virgindade, fidelidade, namoro e casamento. O conhecimento também não é suficiente para evitar descuidos, como sexo sem camisinha. Por ano, nasce 1 milhão de bebês de mães solteiras adolescentes no Brasil. "O início da vida sexual é um processo extremamente complexo para qualquer pessoa, de qualquer geração", diz Paulo Bloise, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo, especialista em adolescência.
A persistência das angústias em relação à vida amorosa, apesar do conhecimento e das liberdades atuais, tem uma explicação óbvia. "Sexo não é só uma questão de informação, mas também de maturidade", pondera o psicólogo Mauricio Torselli, do Instituto Kaplan, centro de estudos da sexualidade em São Paulo. Esta é a primeira geração que não conta com a orientação de um guia socialmente rígido para a sexualidade. Pais e mães estão igualmente confusos, preocupados e tão carentes de parâmetros quanto os próprios filhos. Muitos deles tentam estabelecer paralelo entre o que está acontecendo e sua própria geração. Os dois momentos são diferentes.
O desejo de romper estruturas sociais esclerosadas fez da liberdade sexual uma das bandeiras dos jovens nos anos 60 e 70. Quando chegou a vez deles, deram liberdade aos filhos, mas não incluíram no pacote um modelo de comportamento sexual. O que se observa na sexualidade da atual geração não tem nem vestígio daquela energia rebelde e transformadora. O debate agora não é mais a presença de limites e sim, eventualmente, a ausência deles.
A precocidade e a ousadia dos primeiros relacionamentos são uma característica de hoje. A idade da primeira vez das meninas é 15 anos, de acordo com pesquisa da Unesco nas principais capitais do país. A dos meninos, 14. O surpreendente é que muitos jovens que têm vida sexual ativa não começaram com um namoro firme, mas com alguém com quem "ficava" – ou seja, com um quase desconhecido.
Ficar é o nome dado a sessões de beijos e abraços mais ousados. A diferença entre essa relação e o namoro tradicional é que a primeira é descompromissada e passageira. Uma menina que fica com um colega numa festa não precisa tratá-lo como alguém especial ao vê-lo no colégio no dia seguinte. A pressão sobre os adolescentes para que iniciem a vida sexual ativa deve fazer com que os jovens se sintam num túnel de vento. Como tomar a decisão? A única resposta é: pense bem se você está preparado e se é isso mesmo o que quer. "
Um risco é o jovem, de tanto ouvir falar de sexo, ter a falsa idéia de que crescer significa ter quanto antes uma relação sexual", diz o psicólogo paulista Antonio Carlos Egypto, do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual. Nesse assunto, os pais podem ajudar bastante. Muitos deixam de perguntar sobre a vida dos filhos quando eles chegam à adolescência. É um erro.
Os especialistas aconselham a continuar a falar sobre comportamento, expectativas e valores. Só é preciso evitar pronunciamentos solenes. Adolescentes odeiam sermões – especialmente sobre sexo.
Na contramão das pressões sociais de incentivo ao sexo prematuro, os pais cristão devem preservar sua responsabilidade de orientar e conduzir seus filhos a escolhas acertadas. O sexo ocorre com a pessoa certa e tem seu momento certo. Além disso deve ser pesado o vínculo que estabelece entre as pessoas, muito mais significativo do que ser um ritual de passagem ou aceitação na fase adulta. Como cristãos entendemos que o sexo tem seu lugar próprio: o casamento.
(discussão a partir de artigo Veja, de julho de 2003.)
6 comentários:
Caro Doutor, entendi que vc é um cristão, mas não vi claro sua postura como cristão, em relação ao sexo antes do casamento, pois creio, como a Biblia me ensina que o sexo deve ser praticado dentre, e só no casamento, gostaria que abordasse umn tema mais objetivo sobre este assunto.
Agradeço sua observação; em vários artigos deixo claro minha posição, e neste, se bem que seja um comentario sobre um artigo da revista Veja, fiz questão de reafirmá-la. Obrigado por sua colaboração.
Acho que o seu texto comprova que nem tudo é liberdade e informação, como tão bem sabemos todos.
Mas, sobre a liberdade e informação, creio que faz falta responsabilidade e sabedoria.
Não basta termos as respostas, como a juventude tem: precisa-se percebê-las.
Não basta poder decidir o que quiser: precisa-se saber que cada decisão implica alteração noutras decisões posteriores e no meio no qual nos inserimos, daí a necessidade de responsabilidade.
Agradeco pela sinceridade, objetividade e ousadia de falar dos temas. Talvez se falassem desse assunto na igreja com esse relato de pesquisa e analise cientifica do comportamento da sociedade de nossa epoca; como voces tem relatado, talves teria maior resultado de se resolver problemas psiquicos que afligem os novos convertidos, que entram em nossas igrejas.
sim amigo vc esta certo pois c nos nao fossemos livres para escolher DEUS nao seria um DEUS de amor pois ele nos fez livres ,mas temos de ter nossas escolhas por mas que escolhemos o caminho errado muitas vezes DEUS nos ama e nos perdoa.
bom.. tudo isso eh uma grande subjetividade..
eh impossivel ter-mos ciência juntamente com a religiao. sou cristão e psicólogo, e como tal, sou obrigado a me despir de perconceitos e religião na hora de tratar de meus clientes.
meu papel é orientar o adolescente, mostrar os caminhos.. e a escolha eh simplesmente dele.. do adolescente. ou seria justo xamar um adolescente homossexual de doente só porque na bíblia diz que é pecado? na minha opinião não. temos (nós psicologos) que desmistificar essa historia de sexualidade. afinal.. somos seres humanos, e desde a hora em que nascemos até a hora em que morremos temos e emanamos asperctos sexuais de diferentes maneiras e formas. cabe a cada um se aceitar como é e ser feliz.
ótimo texto. parabens!!
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