O abuso psicológico é um padrão de comunicação, verbal ou não, com a intenção de causar sofrimento psicológico em outra pessoa, segundo Straus (1992). Pesquisadores encontraram valores elevados de prevalência de abuso psicológico em amostra de 5232 casais norte-americanos. Nesta forma de abuso houve semelhança entre homens (26%) e mulheres (25%).
Muitas vezes o abuso psicológico é a única forma de abuso entre o casal, talvez por se tratar de uma atitude menos detectada como politicamente incorreta. Em amostra de 1152 mulheres com idades entre 18 e 65 anos, observam que 53,6% relatam alguma forma de abuso (físico, sexual ou psicológico) perpetrado pelo companheiro, sendo que 13,6% reportam especificamente abuso psicológico na ausência dos outros tipos de abuso (Coker, 2000).
O abuso psicológico é, às vezes, tão ou mais prejudicial que o abuso físico, e se caracteriza por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Não é um abuso perpetrado predominantemente pelos homens, como é o caso do abuso físico. Ele existe em iguais proporções em homens e mulheres. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indeléveis para toda a vida.
Um tipo comum de abuso psicológico é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e adulação. A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar o outro(a) tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exige atenção, cuidado, compreensão e tolerância.
Outra forma de abuso psicológico é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou omisso. É um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terrível. A mais virulenta atitude com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência.
Stets (1990), em uma ampla investigação com a população americana, verifica que 65% dos homens têm comportamentos de abuso verbal ou psicológico com a companheira.
A Agressão Psicológica é especialidade do meio familiar, e muito possivelmente, dos demais relacionamentos íntimos, chegando-se ao requinte de agredir intencionalmente com um falso aspecto de estar fazendo o bem ou de não saber que está agredindo. O simples silêncio pode ser uma agressão violentíssima. Isso ocorre quando algum comentário, uma posição ou opinião é avidamente esperado e a pessoa, por sua vez, se fecha num silêncio sepulcral, dando a impressão politicamente correta de que “não fiz nada, estava caladinho em meu canto...”. Dependendo das circunstâncias e do tom como as coisas são ditas, até um simples “acho que você precisa voltar ao seu psiquiatra” é ofensivo ao extremo, assim como um conselho falsamente fraterno, do tipo “não fique nervoso e não se descontrole”.
As atitudes agressivas refletem a necessidade de uma pessoa produzir alguma reação negativa em outra, despertar alguma emoção desagradável. As razões dessa necessidade são variadíssimas e dependem muito da dinâmica própria de cada família. Podem refletir sentimentos de mágoa e frustrações antigas ou atuais, podem refletir a necessidade de solidariedade emocional não correspondida (estou mal, logo todos devem ficar mal), podem representar a necessidade de sentir-se importante na proporção em que é capaz de mobilizar emoções no outro.... enfim, cada caso é um caso.
10 comentários:
Gostei muito da matéria. Tal problema é vivenciado, com certeza, pela maioria das familias brasileiras e do mundo. Talvez, muitos casais passam por esse problema e pensam que seja outro.
Muito bom o tema e podem escrever mais sobre familia e relacionamentos: A base da sociedade.
Gostei muito da matéria, acredito que esse é um tema que precisa ser muito mais explorado em nossa sociedade, até mesmo para podermos romper com essa visão de que agressão é apenas algo fisico. E para que esse tipo de atitude possa ser detectada com mais facilidade, não para julgarmos os outros, masa para repensarmos atitudes e nos "defender" de muitas muitas outras. Construindo, assim, relações mais saudáveis e costrutivas.
A matéria é muito interessante.Acho importante ficarmos por dentro desses assuntos.Infelizmente se trata de uma realidade,muita das vezes ignorada.Além disso,no mundo em que estamos vivendo temos que está preparados para tudo o que acontece à nossa volta.Ou, até mesmo, conosco.Gostaria que continuasse escrevendo sobre família e relacionamentos.
Sou do tipo "pedante"!!! Daí me enquadrei nesta sua visão de coagir, com tanta sutileza...que sempre chegava a silenciar. Daí colocava-me dualmente tanto vilão e tb a vítima.
Estou na fase terminal: _reagir a esta falha na conduta. Determinar metas juntamente com o psicólogo. Pois já causei tanta infelicidade a outrem que nem consigo dimensionar o quanto fui irresponsável.
Como foi prudente acatar o término do relacionamento. Uma atitude mútua que lá adiante eu e ela(MEU FLOQUINHO DE ALGODÃO) hemos de olhar pra trás e louvar a DEUS pelo desfecho nobre do relacionamento. Mesmo já completado um mês percebo que como amiga/írmã na fé somos bons amigos.
Amém.
Dr. Virgilio Nascimento,
Gostaria que me orientasse sobre um assunto de gde importância para mim.Imagino que sejas uma pessoa muito ocupada,mas se puder se comunicar,ficarei muito grata.(importantorientation@msn.com)
Atenciosamente,
sofri durante algum tempo um abuso psicológico-verbal, de meu pai... e isso reflete até hj no meu relacionamento com ele... depois de muito tempo...
Dr.
Gostei muito da matéria e gostaria de deixar aqui algumas observações porque acabei de passar por abuso psicológico com meu parceiro. Ele me humilhava o tempo todo até na frente de meus colegas de trabalho, sempre fazendo eu me sentir inferior, impotente e incapaz, fazendo com que seu perfil pudesse se sobressair em tudo que faz. Foram meses complicados, pois eu perdi completamente minha identidade, já não sabia mais como reagir, comecei a apresentar sentimentos de raiva e depressão. Após o término de nosso relacionamento e de mais algumas tentativas de meu parceiro em me humilhar (inclusive sexualmente, diga-se de passagem) resolvi procurar um terapeuta, porque ele realmente conseguiu me tirar de meu estado normal. Comecei a não conseguir mais dormir, acordava com sentimento de raiva, me sentia feia e incapaz.
Graças a Deus, me atentei para este triste detalhe que estava me relacionando com uma pessoa que estava usando de abuso psicológico e fiz questão de postar esta história aqui porque ninguém merece ser tratado como fui tratada e para que as pessoas que estejam passando por isso tragam uma solução para sua própria vida e meu conselho é que primeiramente saiam disto, afastem-se por completo do agressor porque as consequências psicológicas são muito difíceis de se lidar. Deixo aqui meu e-mail caso alguém queira conversar comigo sobre esta experiência terrível que tive em minha vida, apenas como troca de experiências de vida
katiacamarino@hotmail.com. Abs a todos!
Esse tipo de problema parece ser mais uma regra do que uma exceção,infelizmente! Desde que me conheço por gente convivo com esse tipo de pessoas desorientadas, neuróticas, perversas ou sei lá que nome dar a isso!! Gostaria de saber, tem solução? Qual seria? Quando enfrentei em casa (família natural) saí de lá assim que pude (18 anos) quando casei, mas o marido era do mesmo gênero (me livrei com o divórcio, após breve casamento), mas mesmo morando sozinha e aparentemente em paz, ainda convivo com esses tipos neuróticos no trabalho é claro (funcionária pública), espero a aposentadoria ou tem outro jeito mais simples de me livrar desses convívios doentis?
Esse tipo de problema parece ser mais uma regra do que uma exceção,infelizmente! Desde que me conheço por gente convivo com esse tipo de pessoas desorientadas, neuróticas, perversas ou sei lá que nome dar a isso!! Gostaria de saber, tem solução? Qual seria? Quando enfrentei em casa (família natural) saí de lá assim que pude (18 anos) quando casei, mas o marido era do mesmo gênero (me livrei com o divórcio, após breve casamento), mas mesmo morando sozinha e aparentemente em paz, ainda convivo com esses tipos neuróticos no trabalho é claro (funcionária pública), espero a aposentadoria ou tem outro jeito mais simples de me livrar desses convívios doentis?
Infelizmente tambem encontro esse tipo de gente com frequencia. Incluso meu marido e pai dos meus filhos,do qual me estou separando depois de 9 anos de abuso.
O fato de sempre encontrar sempre esse tipo de pessoas na minha vida,levou-me a analisar nao so as mesmas mas eu propria tambem.Ou seja,porque eu sempre tenho amigas assim,por exemplo?Foi quando descobri que esse foi o resultado do abuso psicologico que passei nas maos da minha mae.Isso tornou-me numa pessoa fragil,dependente da aprovacao dos outros antes de tomar qualquer passo importante ou menos.Sou ma pessoa sensivel,que tem medo de confrontar as pessoas,que aceita qualquer critica negativa sem questionar,que concorda mesmo nao estando de acordo...E a lista e longa.O tipo de pessoa que vai de mao em mao com o abusador emocional,sou eu!Ele precisa de controlar e eu de ser controlada!
Finalmente e depois de uma depressao comecei a perceber tudo isso e a me concentrar mais em mim e menos nos abusadores.Apartir dai meu casamento, ja doente, nao funcionou mais.Eu estou (com ajuda do psicologo) me curando,mas meu marido nao.Ele continua a pensar que e o dono da razao e que o mundo gira a volta dele!
Nao e facil,mas hei-de ser feliz.Primeiro comigo mesma e quem sabe depois com os outros!So assim nos poderemos livrar dessa gentinha doente!O nosso comportamento se reflecte no modo em que os outros se permitem de nos tratar.Se formos fortes,qualquer abusador fugira de nos.Claro que isso se aplica na vida adulta.Na infancia e outra historia...Desculpem o tamanho do post!
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