segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Pornocultura

O crescimento da aids, o aumento da criminalidade e a escalada das drogas castigam a juventude européia. Para muitos jovens os anos da adolescência serão os mais perigosos da vida. Gravidez precoce, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas compõem a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil.

A dura realidade, também presente aqui, no Brasil, deveria merecer uma reflexão mais desengajada e madura, sobretudo no momento em que o governo federal enfatiza a distribuição milhões de preservativos num pretenso esforço em defesa da saúde pública.


Segundo o porta-voz do Institute for Research and Evaluation, "é um erro acreditar que com mais preservativos se evitem os comportamentos perigosos".
Pesquisas revelam que adolescentes bem informados continuam tendo condutas sexuais de alto risco. A informação, despida de orientação moral, acaba sendo contraproducente. Na verdade, as campanhas de educação sexual, na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, não têm sido capazes de neutralizar a influência do gigantesco negócio do sexo, que, impunemente, acaba determinando a agenda do mundo do entretenimento.


No caso do Brasil, a culpa não é só da televisão, que, raramente, apresenta bons programas. É de todos nós - governantes, formadores de opinião e pais de família -, que, num exercício de anticidadania, aceitamos que o País seja definido como o paraíso do sexo fácil, barato, descartável. A caricatura do país das mulatas, dos rebolados e do carnaval. Numa verdadeira sexolatria nacional.


É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como um paraíso excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras sexuais com crianças e adolescentes. Reportagens denunciando redes de prostituição infantil, algumas promovidas com o conhecimento ou até mesmo com a participação ativa de autoridades públicas, crescem à sombra da impunidade.


Os últimos governos , assustados com o aumento da gravidez precoce e com o crescente descaso dos usuários da camisinha, investem pesado na distribuição do preservativo. A estratégia é inútil.


Afinal, milhões de reais já foram gastos num inglório combate aos efeitos. O resultado está gritando no assustador avanço da gravidez precoce. A raiz do problema, independentemente das iras que se possa despertar em certos ambientes politicamente corretos, está na onda de hipersexualização que tomou conta do ambiente nacional. É ridículo levar um gordo a um banquete e depois, insensatamente, querer que evite a gula. Hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, só se fala daquilo. O sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade.


As campanhas de prevenção da aids e da gravidez precoce chocam de frente com inúmeros programas de auditório que fazem do sexo bizarro uma alavanca de audiência. A programação infantil, outrora orientada por padrões éticos e educativos, passou a receber forte carga de violência e sexo. Desenhos animados, marca registrada de um passado não distante, foram substituídos pelo apelo erótico que domina, por exemplo, a programação do fim de semana.


Iniciação sexual precoce, abuso sexual e prostituição infantil são, de fato, o resultado da cultura da promiscuidade que está aí.


Em nome do anti-moralismo não se tem feito nada eficaz quanto a este problema. Creio que chegou a hora de uma guinada. É hora de instituições sérias, éticas e morais defenderem os verdadeiros valores humanos. Como cristãos temos que influenciar e exaltar atitudes que resgatem a dignidade e a Imagem do ser humano. Como brasileiros devemos lutar para que, principalmente nossos jovens, compreendam a influência da mídia e os efeitos da pornocultura que se instalou em nosso país.

domingo, 9 de setembro de 2007

Síndrome de Don Juan

Don Juan é um personagem literário tido como símbolo da libertinagem. Descreve-se o donjuanismo como uma personalidade que necessita seduzir o tempo todo, que aparentemente se enamora da pessoa difícil mas, uma vez conquistada, a abandona.

As pessoas com esse traço não conseguem ficar apegados a uma pessoa determinada, partindo logo em busca de novas conquistas. As pessoas com essas características são os anarquistas do amor, tornando válidos quaisquer meios para conquistar, entretanto, os sentimentos da outra pessoa não são levados em conta.


Em psiquiatria clínica, entretanto, o desprezo para com o sentimento alheio pode ser critérios para o diagnóstico de Sociopatia ou Personalidade Anti-Social. Para o Don Juan só interessa o instante do prazer e o triunfo sobre sua conquista, principalmente quando a presa de seu interesse tem uma situação civil proibida (casada, irmã ou filha de amigo, etc). De maneira especial busca mulheres religiosas devotadas, usando de todas as suas estratégias sedutoras. Neste caso disputa diretamente com Deus o coração da “amada”.


Normalmente essas pessoas ignoram a decência e a virtude moral mas seu papel social tenta mostrar o contrário; são eminentemente sedutores. Sobre essa característica o escritor Carlos Fuentes, alega ao seu Don Juan a frase: "Porque nenhuma mulher me interessa se não tiver um amante, marido, confessor ou Deus, ao qual pertença ...".


O aspecto de desafio mobiliza o donjuan, fazendo com que a conquista amorosa tenha ares de esporte e competição, muitas vezes convidando amigos para apostas sobre sua competência em conquistar essa ou aquela mulher. Não é raros que esses conquistadores tragam listas e relações das mulheres conquistadas, tal como um troféu de caça.


Por outro lado, segundo Kaplan, deve haver significativos sentimentos homossexuais latentes desses indivíduos. Esse autor considera que, levando para a cama a mulher de outro, o donjuan estaria inconscientemente se relacionando com o marido, motivo maior de seu prazer. Tanto que é maior o prazer quanto mais expressivo é o marido ou namorado traído.


O narcisismo (traço feminóide) dessas pessoas é uma das características mais marcantes, ao ponto delas amarem muito mais a si mesmas que a qualquer outra pessoa conquistada. Outros autores acham o donjuanismo um excesso do complexo de Édipo, ou fixação na mãe, já que muitos deles não constituem família com nenhuma de suas conquistas e acabam vivendo para sempre com suas mães.


Nos casos mais sérios a inclinação à sedução pode adquirir caráter de verdadeira compulsão, tal como acontece no jogo patológico. De certa forma, a conquista compulsiva do Donjuan serve-lhe para melhorar sua sensação de segurança e auto-estima, entretanto, uma vez possuído o que desejava, já não o deseja mais. Em alguns casos o Donjuan começa a se desestimular com a conquista, quando percebe que a mulher conquistada já está apaixonada por ele, ou ainda, pode nem haver necessidade do ato sexual a partir do momento em que ele percebe que a mulher aceita e deseja o sexo com ele. Por outro lado, se a mulher é indiferente ou não cede à sua sedução, o Donjuan se torna mais obstinado ainda.


Nesse sentido, ele é sempre muito inconstante, desempenha papeis sociais sempre teatrais e exclusivamente dirigidos à satisfação de suas conquistas, por isso faz sempre o tipo "príncipe encantado", tão cultuado pelo público feminino. Ele tem habilidade em perceber rapidamente os gostos e franquezas de suas vítimas e, é igualmente rápido em atender as mais diversas expectativas.


Donjuanismo Feminino


Mesmo com a moda do "ficar com..." e com a maior liberalidade feminina o donjuanismo não desapareceu. Antes disso, atualmente já pode ser possível observá-lo entre as mulheres. Embora num campo da ação muito mais restrito, o donjuanismo continua fazendo suas vítimas sentimentais; agora, femininas e masculinas.

Não há designação satisfatória para descrever a mulher que preenche os requisitos do donjuanismo, mas elas existem indubitavelmente. São também pessoas movidas pela compulsão da conquista do outro, pela inclinação ao relacionamento impossível, seja com homens mais velhos ou muito mais novos, casados, religiosos, padres, enamorados de outras mulheres, enfim, pessoas que oferecem alguma condição de desafio.


No donjuanismo feminino, tanto quanto no masculino, não há necessidade invariável de concluir a conquista através do ato sexual. Basta a mulher perceber que o objeto da conquista está, digamos, aos seus pés, que a motivação para continuar o relacionamento se desvanece.


Normalmente as pessoas com esse perfil de personalidade acabam por não se fixarem com nenhuma companhia mais seriamente, não constituem família e acabam se aborrecendo quando constatam que não têm mais facilidade para conquistar mocinhas de 20 anos quando já estão na casa dos 60. Além disso, muitas vezes acabam ridicularizados por essas tentativas totalmente fora do contexto.


Além disso, eles podem atravessar períodos de grande angústia na maturidade quando se dão conta de que todos seus amigos estão casados têm família e eles já não podem desfrutar de tantas companhias femininas como outrora.